terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

GABEIRA: "A SAFADEZA CONTINUA!"




O ex-guerrilheiro, jornalista, escritor, ex-deputado federal e militante do PV Fernando Gabeira lançou ontem, na sede estadual do partido em Belo Horizonte, seu livro 'Onde está tudo aquilo agora?'. Indagação feita a ele por este blogueiro, após seu autógrafo num exemplar: "Gabeira, de seu livro 'O que é isso, companheiro?' (1979) até hoje, que resgate foi feito no Brasil?"

E a resposta: "Olha, avançou-se muita coisa no campo da democracia, conseguimos as eleições diretas para presidente, o Brasil cresceu e se tornou economicamente muito mais importante do que era, mas a política não mudou, no sentido de que as mesmas safadezas, as mesmas roubalheiras de antes continuam agora."

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

MINAS CIGANA - PRELÚDIO





Os ciganos estão presentes na história brasileira de uma forma muito mais densa do que é popularmente conhecida. No último dia 25 deu-se entrada a um projeto na Assembléia Legislativa de Minas Gerais propondo o resgate da história dos povos ciganos no estado, cuja íntegra segue abaixo. O documento foi protocolizado na Assembléia por este blogueiro, que presta consultoria à AGK - Associação Guiemos Kalóns. Outras postagens relacionadas se seguirão. E muitos carnavais. Também com eles, por quê não?


"Belo Horizonte, 25 de janeiro de 2013

À

Assembléia Legislativa de Minas Gerais

Espaço Político-Cultural Gustavo Capanema

Galeria de Arte


Projeto de resgate da história e cultura ciganas


A Associação Guiemos kalóns, entidade civil de direito privado, sem fins lucrativos, que representa interesses de povos ciganos, especialmente a etnia Kalón, através de seu presidente, Carlos Amaral, membro do Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial, solicita a esta Casa seja concedido o espaço cultural para mostra de cultura, história e tradições ciganas, como em seus aspectos artísticos, religiosos, culinários, produção intelectual, de artesanato, etc.

Apesar de expressivas em Minas Gerais – atingindo centenas de milhares de pessoas -, as etnias ciganas, presentes na formação da identidade histórica e cultural brasileiras, ainda passam por forte processo discriminatório, resultado de visões preconceituosas que necessitam ser transformadas possibilitando-nos uma maior integração com os diversos segmentos sócio-culturais que formam a mineiridade, o que, numa perspectiva democrática, só fará crescer a necessária convivência respeitosa entre a diversidade que forma e habita nosso país.

Em dezembro último o Senado Federal promoveu Audiência Pública através da Comissão de Direitos Humanos e legislação Participativa para tratar das questões pertinentes às etnias ciganas, que decidiu inclusive pela elaboração do Estatuto dos Povos Ciganos. (Informe da Agência Senado anexo)

Lembramos sempre que a história política e cultural brasileiras, como em outros segmentos, está habitada também pelo povo cigano, que inclusive está presente em nosso país desde os tempos da colonização.

Podemos evocar nomes portentosos de raízes ciganas como o ex-prefeito de Belo Horizonte e ex-presidente da República Juscelino Kubitschek, os poetas Castro Alves e Cecília Meireles, além de outros que poderíamos lembrar, em diversas áreas, e que no resgate histórico que solicitamos seriam evidenciados como dignos representantes de matriz cigana no seio do povo brasileiro. Entendemos que história é memória e por isso se faz necessário também este resgate, em benefício da nação brasileira e do mosaico que a compõe.

O preconceito, que leva à violência manifestada pela discriminação, afeta ainda – e historicamente sempre reprimiu – uma enormidade de pessoas, de categorias sociais diferenciadas, que com receio de sofrer retaliações não se expõem, aniquilando suas chances e ‘matando’ talentos e felicidades. Mas o sentimento e a vivência democráticos não podem comportar isso, em benefício de cada um e de todos.

Por entender que a Assembléia Legislativa é diariamente freqüentada por pessoas oriundas das mais diversas regiões e cidades mineiras, tomamos a licença de sugerir que o evento se realize no período de uma semana, possibilitando a todos um contato maior com nossa cultura, tradições e aspirações. Lembramos ainda que as etnias ciganas estão espalhadas por todo o estado. Por isso tal evento contribuiria excepcionalmente para que fossem mais bem reconhecidas para sua maior inclusão nas políticas públicas desenvolvidas no estado e nos municípios.  

Se possível, tal evento poderia se dar na semana que vai da segunda-feira dia 20 de maio até a sexta-feira 24 de maio. Este último dia é consagrado a Santa Sara Kali, padroeira dos povos ciganos, e foi instituído através de decreto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como Dia Nacional do Cigano, em 25 de maio de 2006. Já em 2007 a Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) desenvolveu grande programação para comemorar a data, tendo sido lançado o carimbo e o selo ciganos, pelas Empresas Brasileiras de Correios e Telégrafos e anunciada a Cartilha de Direitos da Etnia Cigana, pela Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República.

Sabedores da sensibilidade dos membros desta casa legislativa para questões candentes como as que aqui colocamos, e por vivenciarmos uma ainda dura realidade que podemos todos juntos transformar, em benefício da ampliação do sentimento coletivo de respeito e da paz social que todos almejamos, solicitamos nos seja dada tal oportunidade pela Assembléia Legislativa de Minas Gerais.

Encerramos reproduzindo o poema ‘Entusiasmo’, de Cecília Meireles, na convicção da releitura histórica que é necessária da inserção de nosso povo no Brasil:


Por uns caminhos extravagantes,
irei ao encontro desses amores
-por que suspiro – distantes.
Rejeito os vossos, que são de flores.
Eu quero as vagas, quero os espinhos
e as tempestades, senhores.
Sou de ciganos e de adivinhos.
Não me conformo com os circunstantes
e a cor dos vossos caminhos.
Ide com os zoilos e os sicofantes.
Mas respeitai vossos adversários
que não querem ser triunfantes.
Vou com sonâmbulos e corsários,
poetas, astrólogos e a torrente
dos mendigos perdulários.
E cantamos fantasticamente,
pelos caminhos extravagantes,
para Deus, nosso parente.





O EX-PRESIDENTE JK