Atribui-se ao ex-governador mineiro Magalhães Pinto,
golpista de primeira hora em 64, o pensamento de que política é como as nuvens,
a cada vez que olhamos está de uma forma. Neste sentido o ressurgimento em
Minas do nome de Pimenta da Veiga, ex-prefeito da capital e ex-ministro, após
mais de 15 anos afastado da vida pública no estado reafirma o pensamento, ao
ser lançado como pré-candidato do PSDB à sucessão no estado.
Em Minas difundiu-se o mito de que nomes tocados, ou melhor,
ungidos por Aécio Neves seriam imbatíveis, para disputas aqui, o ex-governador
seria um Midas na política mineira.
Mas isso não pode ser aferido na reeleição do ex-prefeito
Fernando Pimentel (PT) em 2008 apenas pelo fato de o PSDB não ter lançado
candidato, como uma das formas de apoio de Aécio, já que também o PT e outros
partidos apoiaram o atual ministro, cujo nome está colocado hoje como
pré-candidato do partido na disputa para governador em 2014.
Da mesma forma não se verificou na eleição do ex-presidente
Itamar Franco para o Senado, em 2010. Itamar sempre teve vida própria, só por
impropriedade se afirmaria o contrário. Teve seu peso na reeleição do
governador Anastásia, contra uma campanha sem entusiasmo da coligação PMDB/PT,
na opinião deste blog.
Uma nova mexida das nuvens poderá apresentar novo quadro
eleitoral, principalmente quando pesquisas apontam vitória de Dilma no primeiro
turno e indicam que o nome de Aécio não decolou. Seriam derrotados Marina,
Eduardo Campos e Aécio. Isso poderá criar novas composições, que não seriam
difíceis de ocorrer e colocariam novamente o nome de José Serra como possível candidato a
presidente pelo PSDB. (Leia AQUI pesquisa CNT recente)
Apenas Minas e São Paulo respondem juntos por quase metade
do PIB nacional, e os 8 estados que o PSDB governa abrigam quase 60% do PIB. Em
Minas, pesquisas indicam hoje clara vitória da oposição. (Leia mais AQUI e AQUI) Se o mesmo ocorrer em
São Paulo com vitória do atual pré-candidato petista, o ministro da Saúde
Alexandre Padilha, o PSDB fechará as portas, como parece estar ocorrendo ao
DEM.
Nessa perspectiva sufocante, e possível, José Serra poderá
sair como candidato do PSDB com ninguém menos que o governador mineiro, Antônio
Anastasia, como vice, uma chapa puro sangue. Isso uniria e entusiasmaria
eleitores peessedebistas dos dois estados, os dois maiores colégios eleitorais
do país, e outros mais. Uma chapa infinitamente mais forte que qualquer outra
encabeçada por Aécio.
Em Minas a disputa local seria acirrada. O PT nunca ganhou
uma eleição majoritária no estado (para o governo ou Senado), e tem agora sua
maior oportunidade. E uma candidatura de Serra à presidência fortaleceria em
São Paulo, e não só lá, provavelmente, a campanha do PSDB, principalmente com a
perspectiva de segundo turno. Assim, Aécio seria levado a compreender, ainda
que a contragosto, que essa poderia ser uma chance do PSDB não perder os dedos.
Há até quem defenda neste caso, se pesquisas confirmassem esta
análise, que o ex-presidente Lula dispute o governo paulista, reforçando a candidatura
de Dilma e podendo levar o PT a governar, neste quadro, também pela primeira
vez, o estado. Por que não? Em grande medida essas alternativas poderiam
alterar toda a perspectiva sucessória no país. Ou pode também haver outro
movimento das nuvens. Mas nada que lembre falácias como a do ‘caçador de
marajás’, já que a realidade brasileira não comporta mais investidas assim e
certas mídias, ainda que irritadas e até histéricas, não duvidem disso.