sábado, 16 de agosto de 2014

ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS 2014: O QUE VEM AÍ?




As eleições deste ano já se mostravam atípicas e a morte inesperada de Eduardo Campos acentua isso, colocando à vista o segundo turno na eleição presidencial com o nome de Marina Silva como candidata do PSB, na disputa com Dilma. Aécio atingiu seu ápice e entra agora em declínio com as denúncias contra ele. Para relembrar, em 2010 Marina teve 19,6% dos votos disputando pelo PV sem o poderio das campanhas de Dilma e Serra, ficando em terceiro lugar. E sua candidatura ainda tem potencial de retirar muitos votos que hoje iriam para Aécio. Isso assusta os tucanos.

Já se noticiou neste sábado que ela encamparia também, de alguma forma, a perspectiva desenvolvimentista que existe atualmente, o que a faria rever o discurso que mantém sobre a sustentabilidade. Isso implicaria num novo amálgama, uma mistura a partir de sua defesa ambiental e da forma existente de desenvolvimento no Brasil, em enorme medida predatória em relação à natureza. Na verdade coloca-se aí um debate necessário ao país, da forma mais ampla possível, e Marina pode expandi-lo no processo eleitoral.

O PSDB governa 8 estados brasileiros, que representam mais de 60% do PIB nacional. Apenas São Paulo e Minas, governados há muitos mandatos pelo partido, reúnem cerca da metade do PIB. Pesquisas já anunciavam possível vitória de Dilma ainda no primeiro turno. Com Marina na disputa, os sonhos presidenciais do PSDB com Aécio no pleito desaparecem, ao que parece.

Para piorar, os números são implacáveis com os tucanos em Minas, colocando o PT à frente com vitória no primeiro turno. Debate realizado pela Band no estado mostrou um candidato peessedebista fraco. Também no Paraná os números projetam hoje vitória da oposição ao PSDB no segundo turno, com Requião (PMDB) vencendo com apoio do PT. São Paulo continua mantendo o fôlego tucano, com Geraldo Alckmin fechando em primeiro turno com 55% dos votos, segundo o Datafolha.

Correndo ladeira abaixo a candidatura de Aécio e com a larga vantagem de Alckmin em São Paulo, abre-se campo fértil para novo sonho de José Serra na disputa presidencial. Em 2010 ele teve 32,61% dos votos no primeiro turno, ficando com quase 44% no segundo. Essa perspectiva poderia ter apoio do governador paulista, já que fortaleceria suas pretensões presidenciais para 2018, e do próprio partido, uma vez que poderia criar a possibilidade de ser o PSDB a disputar o segundo turno contra o PT.

Para tanto, Aécio teria de renunciar à disputa. Pela legislação eleitoral, pode haver substituição de candidatos até 20 dias antes da realização do primeiro turno, ou seja, até o dia 15 de setembro. Neste caso e com Marina candidata, apesar de ela ter anunciado que respeitará os acordos regionais fechados, conforme já se noticiou, o PSDB poderia escolher outro vice em São Paulo, não mais do PSB.

Um cenário assim, e com a possibilidade de grande derrota tucana em Minas, hoje anunciada, poderia mudar também a disputa no estado, levando Aécio a pleitear novamente o governo mineiro, em nome de um projeto nacional e maior de seu campo político. Neste caso, os tucanos poderiam até constituir uma chapa nacional puro sangue unindo os dois maiores colégios eleitorais do país, colocando como vice o ex-governador mineiro Antônio Anastasia.

Numa eventualidade como essa, e caso o PSDB vá para o segundo turno, provavelmente o PSB se divide, com uma ala apoiando os tucanos e outra os petistas. Restaria saber como Marina Silva se comportaria, talvez não declarasse apoio a nenhum candidato. Em outro caso, se for ela a ir para o segundo turno certamente teria o apoio do PSDB, na ânsia voraz, e acertada na perspectiva do partido, é claro, de ver o PT fora do poder.

Resta saber se essa configuração não faria retornar o clamor pelo 'Volta, Lula!', caso pesquisas apontem risco real para a campanha do PT. E aí o pleito de 2014 entraria mesmo como atípico na história política brasileira.

Uma alternativa que agradaria petistas e peessedebistas (leia-se 'aecistas') seria o PSB colocar um nome respeitável mas que não teria maior expressão eleitoral nacionalmente, para não alterar os rumos do pleito. Luíza Erundina poderia inclusive ser este nome. Dessa forma, Aécio continuaria acalentando o sonho de chegar ao segundo turno, apesar de desgaste a partir dos casos dos aeroportos e outras denúncias, e Dilma não correria o risco de ter Marina Silva como concorrente no segundo turno. Porém, não parece factível.

PS - Desde a eleição municipal de 2012 é opinião deste blogueiro que Serra poderia vir a ser o candidato do PSDB à presidência com Aécio disputando o governo mineiro, e post sobre isso foi publicado pelo blog no ano passado (Leia aqui). Em conversa com Marina Silva há algum tempo em Belo Horizonte, este blogueiro indagou se ela não via como possível uma inversão na perspectiva do PSB, com ela assumindo a cabeça, criando a possibilidade de segundo turno eleitoral. Marina não respondeu, apenas sorriu e se despediu.




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