sexta-feira, 29 de agosto de 2014

E AGORA, PSDB?



Aécio Neves tem todos os motivos para rever sua candidatura à presidência. Esta visão, aliás, já se percebe claramente em conversas com membros do PSDB, e não são poucos. Parece inequívoco que a candidatura de Marina Silva colocou fim às pretensões do mineiro. Por outro lado, a campanha do candidato tucano em Minas, Pimenta da Veiga, também não decolou, ao que tudo indica. Essas duas situações já latejam fortemente nas preocupações de filiados do PSDB e do próprio partido, nos níveis nacional e estadual.

Peessedebistas com quem conversei - e informações outras que recebi e que já circulam - julgam oportuno e necessário repensar as próprias candidaturas, à presidência e em Minas, dada a visível impossibilidade de irem para o segundo turno com Aécio e o forte receio e evidências de derrota fragorosa do partido ao governo do estado já no primeiro turno, conforme indicam hoje todas as pesquisas, mesmo as mais favoráveis. O PT poderia iniciar assim um reinado por longo período.

 É da opinião deles que como houve uma reconfiguração do processo eleitoral com a entrada de Marina, praticamente excluindo as chances de seu candidato, novos e até obrigatórios arranjos devem ser feitos pelo PSDB, e de forma claramente e socialmente justificáveis. Já manifestam inclusive a opinião de que nada como ter humildade para reconhecer os novos rumos da campanha eleitoral.

Os tucanos, além de ficarem fora do segundo turno presidencial com Aécio correm o risco de perder estados chave que governam, como Minas, Paraná, Pará, Goiás. E correm também o risco de ficar sem São Paulo, caso a eleição lá desemboque em segundo turno. Neste sentido, uma medida urgente, avaliaram, seria mesmo a troca de candidatos à presidência, com a possível entrada de José Serra. Pela legislação eleitoral, até o dia 15 de setembro substituições podem ocorrer.

Palco de debate nas eleições de 2010 se repetirá em 2014?
Isso abriria a possibilidade de Aécio vir a disputar o governo mineiro, substituindo Pimenta da Veiga. É inequívoco que tem muito mais cacife eleitoral no estado que Pimenta. Acreditam que assim a chance do partido seria bem maior em Minas e reforçaria a candidatura tucana à presidência, com maior chance de brigar pelo segundo turno.

Essas opiniões foram expressas com clareza por peessedebistas, apreensivos e até assustados, com quem conversei recentemente na Assembléia Legislativa mineira e, parece, traduzem o sentimento de setores de comando do partido.

As eleições deste ano estão atípicas, em muitos aspectos, e o acidente que vitimou Eduardo Campos é o exemplo maior dessa constatação, e mudou o rumo de todo o processo. Assim, na opinião deles estariam justificadas, inclusive com compreensão social, novas alterações. Na perspectiva dos interesses de seu partido, não estariam errados. De resto, política é fortemente jogo de interesses e por isso, em enorme medida, um jogo pragmático, e todos que participam sabem disso.

Na eleição presidencial de 2010 José Serra teve cerca de 32% dos votos no primeiro turno, praticamente o dobro do que pesquisas apontam para Aécio. Isso não garante participação no segundo turno, mas Serra poderia garantir um maior poder de negociação dos tucanos para apoiar Marina Silva na segunda etapa, caso a disputa se dê mesmo entre Dilma e ela, e no PSDB sabem disso.

Leia mais em ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS 2014: O QUE VEM AÍ? e em AFINAL, SERRA CORTA AÉCIO?

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