sexta-feira, 23 de agosto de 2013

BRASIL RECEBE MARCHA MUNDIAL DAS MULHERES - VIOLÊNCIA FÍSICA E SEXUAL SERÃO AMPLAMENTE DEBATIDAS

Cerca de 1,6 mil ativistas de 40 países e 18 estados brasileiros participarão do encontro, que terá como uma das pautas o combate ao machismo (Foto - João Zinclar)

Brasil sedia encontro da Marcha Mundial das Mulheres pela primeira vez
Patrícia Benvenuti
da Redação
O Brasil sediará, pela primeira vez, o Encontro Internacional da Marcha Mundial das Mulheres (MMM). Com o mote “Feminismo em marcha para mudar o mundo”, a nona edição do evento ocorrerá entre 25 e 31 de agosto em São Paulo, no Memorial da América Latina. 
Cerca de 1,6 mil ativistas de 40 países e 18 estados brasileiros participarão do encontro, que terá como pautas o combate ao machismo, a autonomia sobre o corpo, a auto-organização das mulheres e a questão dos territórios, dentre outros temas. 
Além de debates, oficinas e atividades culturais, as mulheres promoverão uma mobilização pelas ruas da capital paulista em 31 de agosto, que deverá contar com 10 mil feministas. 
Fortalecer
O 9º Encontro Internacional da MMM terá diferentes momentos e objetivos. Um deles é a escolha do novo secretariado da Marcha, que está no Brasil desde 2006 e passará para outro país. 
O evento também será um espaço de intercâmbio entre as experiências da luta feminista em vários países. A ideia central, segundo a integrante da coordenação nacional da Marcha, Conceição Dantas, é consolidar o movimento feminista, dando continuidade à agenda das mulheres que está em curso no Brasil e em outros países. 
“Vamos fortalecer, com esse encontro, a lógica de que só mudaremos a vida das mulheres se a gente transformar o mundo e só mudaremos o mundo se transformarmos a vida das mulheres”, diz. 
O evento também será o pontapé inicial da quarta grande ação internacional do movimento, que será realizada em 2015. 
Origem
A inspiração para a criação da Marcha Mundial das Mulheres partiu de uma manifestação realizada em 1995, em Quebec, Canadá, quando 850 mulheres marcharam 200 quilômetros, pedindo, simbolicamente, Pão e Rosas. A ação marcou a retomada das mobilizações das mulheres nas ruas e significou também uma crítica ao sistema capitalista. 
Cinco anos depois, surgia a Marcha Mundial das Mulheres, que realizou em 2000 sua primeira grande ação internacional, reunindo mulheres de 159 países em uma campanha contra a pobreza e a violência. As ações foram iniciadas em 8 de março, Dia Internacional da Mulher, e terminaram em 17 de outubro, organizadas a partir do chamado “2000 razões para marchar contra a pobreza e a violência sexista”. 
Um dos méritos da MMM, para Conceição Dantas, foi recuperar a ideia de mobilização no movimento feminista. Durante a década de 1990, lembra ela, os debates sobre as questões das mulheres ocorriam a portas fechadas, ficando restritas às reuniões da Organização das Nações Unidas e a conferências internacionais. 
Para as militantes da Marcha, no entanto, é essencial ir além e levar a discussão para as ruas. 
“Queremos, cada vez mais, fortalecer uma agenda em que o feminismo seja um movimento verdadeiramente de massas, que consiga mobilizar multidões para transformar o mundo e a vida das mulheres”, afirma. 
A realização dos Fóruns Sociais Mundiais contribuiu para a internacionalização do movimento, que hoje está presente em quase 70 países de todos os continentes. 
Além da ação em 2000, duas outras grandes ações ocorreram em 2005 e 2010. Esta última, no Brasil, foi marcada por uma caminhada entre as cidades de Campinas e São Paulo entre 8 e 18 de março, com presença de cerca de 3 mil participantes. 
Outro modelo
Dentre os princípios da Marcha, estão a organização das mulheres urbanas e rurais a partir da base para a superação do sistema capitalista patriarcal. O entendimento é de que as desigualdades de gênero só serão efetivamente superadas com a adoção de outro modelo de desenvolvimento. Por isso, explica a integrante da Marcha Mundial das Mulheres Tica Moreno, é preciso conduzir a militância feminina para além da reivindicação de políticas públicas em nível institucional. 
“Para conseguir igualdade, autonomia e liberdade para todas as mulheres não basta conquistar algumas leis. Tem que ter capacidade para alterar a correlação de forças e transformar as relações sociais de opressão entre os homens e as mulheres e as relações anticapitalistas”, garante. 
Neste sentido, pontua Tica, está a importância da aliança com movimentos sociais mistos, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a Central Única dos Trabalhadores e diversas outras organizações. Além de pensar em estratégias comuns de mobilização, as articulações possibilitam incentivar o feminismo dentro de cada movimento. 
“Não é só apresentar uma agenda geral e depois lembrar das mulheres”, esclarece Tica. “O conjunto dos movimentos sociais que estão em luta para transformar a sociedade precisam incorporar a igualdade entre homens e mulheres como um princípio”, completa. 
Violência
Dentre os avanços do movimento feminista no mundo, para Conceição Dantas, está a auto-organização permanente das mulheres e a conquista de melhorias em alguns setores, como no trabalho e na educação. Entretanto, ela lembra que os avanços não se estenderam a todas, ficando de fora justamente as mulheres mais pobres. 
“Tem muitas mulheres que ainda sofrem violência e que ainda não conseguem ter uma relação de igualdade. Uma pequena parte das mulheres conseguiu ter avanços”, diz. 
A violência é um dos aspectos que mais preocupa. De acordo com um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de um terço de todas as mulheres do mundo é vítima de violência física ou sexual. Os índices, para a entidade, representam um problema de saúde global com proporções epidêmicas. 
No caso do Brasil, a aprovação da Lei Maria da Penha, há sete anos, é considerada uma conquista importante do movimento feminista na luta contra a violência doméstica. Entretanto, segundo Tica Moreno, as agressões sexuais cometidas em locais públicos são outra realidade a ser enfrentada. 
Segundo dados da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, estima-se que, a cada 12 segundos, uma mulher é estuprada no Brasil. Outra estatística, esta do Ministério da Saúde, indica que de 2009 a 2012, os estupros notificados cresceram 157%. 
Os estupros coletivos também são uma preocupação. No Piauí, só em 2013 foram registrados quatro casos de estupros coletivos – uma das vítimas é portadora de deficiência física e mental. Também este ano, no Rio de Janeiro, uma turista estadunidense foi violentada sexualmente oito vezes durante o assalto a uma van. Os mesmos homens foram acusados por dois outros casos semelhantes. 
Outro episódio que ganhou repercussão ocorreu em 2012, com o estupro de cinco mulheres durante uma festa de aniversário em Queimadas, no agreste paraibano. Os estupros, que resultaram em duas mortes, seriam um “presente” para o aniversariante. 
Além do fim da violência contra as mulheres, Conceição elenca como desafios a serem superados o fim da mercantilização do corpo e da imposição da beleza para as mulheres, problemas que afetam diretamente as brasileiras. 
Outra luta importante, de acordo com ela, é a descriminalização e legalização do aborto, caminho que guarda muitos obstáculos. 
“Temos uma sociedade conservadora, que utiliza o argumento religioso para fortalecer os seus argumentos tradicionais, conservadores e de direita”, ressalta.

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

'A SOLIDARIEDADE EM UM MUNDO SEM CORAÇÃO' - 31/8: DIA INTERNACIONAL DA SOLIDARIEDADE


No dia 31 de agosto celebra-se o Dia Internacional da Solidariedade para promover e fortalecer os ideais ligados a esse valor, fundamentais para as relações entre os Estados, os povos e as pessoas. Os pressupostos dessa comemoração são os seguintes. Primeiro: vivemos em um mundo de grandes desigualdades entre ricos e pobres. Segundo: o verdadeiro progresso não será alcançado sem a cooperação entre as nações e os povos, para acabar com a pobreza e sem a solidariedade com os despossuídos. Terceiro: devemos assumir responsabilidade ante os que são excluídos do acesso aos recursos necessários para o desenvolvimento, cujos direitos humanos e dignidade não são respeitados. Quarto: devemos potencializar uma relação responsável com a natureza.

Luis de Sebastián, de grata recordação na Universidade Centro-americana (UCA), definiria a solidariedade como o reconhecimento prático da obrigação natural que os indivíduos e os grupos humanos têm de contribuir para o bem estar dos demais, especialmente dos que têm mais necessidade. E explicava que os aspectos negativos da condição humana histórica demonstra que estamos em uma situação de emergência e que, portanto, existe um nexo objetivo que nos liga uns aos outros em nossa limitação e fragilidade, que pode converter-se em uma fonte de energia que cada um, sozinho, não tem. Nessas circunstâncias, o comportamento individualista, não cooperativo (o "salve-se quem puder”), com certeza, será desastroso, suicida e criminoso; enquanto o esforço coletivo para aceitar e transformar com inteligência e valor o vulnerável e inseguro da existência humana conseguirá que todos levemos uma vida mais racional e humana.

E, a partir de uma perspectiva menos pragmática e com mais ênfase na obrigação moral, Adela Cortina, filósofa espanhola, sustenta que a solidariedade deve estar fundamentada em uma ética cívica cordial, cujos princípios seriam os seguintes: não instrumentalizar as pessoas; empoderar suas capacidades; distribuir equitativamente as cargas e os benefícios; abrir-se à vida e interesses dos interlocutores; e manter uma atitude de responsabilidade para com os seres não humanos indefesos. Qual a implicação de cada um desses princípios para a convivência humana guiada pela ética da cordialidade (ou seja, uma ética com capacidade de compaixão para reagir ante o sofrimento dos outros e com capacidade de indignação para enfrentar as injustiças)? Vejamos algumas das ideias centrais expostas por Adela.

A solidariedade se define a partir do outro ou, melhor dito, a partir do reconhecimento do outro e de si mesmo em sua dignidade. Ou seja, reconhecer que cada um deve evitar converter-se para os demais em um meio, e conseguir ser para eles um fim. Trata-se de uma das formulações do imperativo categórico do filósofo alemão Kant: "Obra de tal modo que trates à humanidade, em tua pessoa ou nos demais, sempre e ao mesmo tempo como um fim e nunca meramente como um meio”. Dito em linguagem do reconhecimento cordial, se converte na obrigação de não instrumentalizar-se reciprocamente, mas respeitar a autonomia alheia e a própria. Não é legítimo causar dano às pessoas; porém, tampouco, instrumentalizá-las contra seus próprios planos vitais, sempre e quando esses planos não sejam perniciosos às outras pessoas. Em consequência, o limite de qualquer atividade (política, econômica, científica etc.) é a não manipulação.

Porém, não se trata somente de não manipular, mas, também, de empoderar, de atuar positivamente para potencializar as capacidades das pessoas. Respeitar a dignidade humana não significa unicamente não utilizar nem causar dano aos seres humanos.

Fonte: 
Carlos Ayala Ramírez

lll CONFERÊNCIA DA IGUALDADE RACIAL DISPONIBILIZA TEXTO BASE


Documento, que  está sendo enviado às Comissões Organizadoras nos Estados para subsidiar os debates nas Conferências Estaduais, já está disponível para download no link ‘documentos’ do portal da III CONAPIR
Já está disponível no portal da III CONAPIR http://iiiconapir.seppir.gov.br, odocumento base que irá subsidiar o debate nas etapas estaduais e nacional da III Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial. Acessível para download, o texto foi elaborado com o objetivo de oferece às(aos) conferencistas elementos que contribuam com a abordagem dos quatro subtemas que norteiam o tópico central da Conferência: ‘Democracia e desenvolvimento sem racismo: por um Brasil afirmativo’.
Além do PDF para download, o texto está sendo enviado em formato impresso às Comissões Organizadoras dos Estados para ser distribuído entre os participantes das etapas estaduais, que serão realizadas até o dia 30 deste mês de agosto. Já a etapa nacional acontece em Brasília-DF, de 5 a 7 de novembro deste ano.
Intitulado ‘Subsídios para o Debate’, o documento está subdividido em quatro capítulos que correspondem aos subtemas da Conferência: 1) Estratégias para o desenvolvimento e o enfrentamento ao racismo; 2) Políticas de igualdade racial no Brasil: avanços e desafios; 3) Arranjos Institucionais para a sustentabilidade das políticas de igualdade racial; 4) Participação política e controle social: igualdade racial nos espaços de decisão.
O texto base traz também uma análise da conjuntura que permeia a realização da III CONAPIR, destacando a ampliação das formas de organização do movimento negro, a aprovação de leis em favor da igualdade racial e as iniciativas governamentais delas decorrentes, que produziram mudanças na inserção socioeconômica da população negra.
A III CONAPIR ocorre, portanto, numa conjuntura marcada por perspectivas favoráveis de maior atuação da população negra nos temas que podem conduzir a uma ordem social justa, livre do racismo e das desigualdades raciais.
O documento faz ainda um breve resgate da realização da primeira e da segunda CONAPIR, que trataram respectivamente dos temas: “Estado e Sociedade – Promovendo a Igualdade Racial” e “Avanços, Desafios e Perspectivas da Política Nacional de Promoção da Igualdade Racial”.
Destacando que o debate da segunda edição da Conferência se deu num momento de expansão de órgãos municipais e estaduais voltados para a temática, o texto explica que o tema central da III CONAPIR – Democracia e desenvolvimento sem racismo: por um Brasil afirmativo – pretende responder aos novos desafios que se colocam para que as políticas de promoção da igualdade racial, passados dez anos de sua institucionalização no governo federal, venham a ocupar um novo patamar no contexto das mudanças que se operaram no país (Pág 20).
Objetivos
O documento base trata ainda dos objetivos da III CONAPIR, que são: (a) reafirmar e ampliar o compromisso do Governo Federal e da sociedade brasileira com políticas de enfrentamento ao racismo e de promoção da igualdade como fatores essenciais à democracia plena e ao desenvolvimento com justiça social no Brasil; (b) avaliar os avanços obtidos e os desafios a serem enfrentados após dez anos de implementação da Política Nacional de Promoção da Igualdade Racial; (c) propor recomendações para o enfrentamento ao racismo e o fortalecimento da promoção da igualdade racial no âmbito do Poder Executivo (federal, estadual e municipal) e de outros Poderes da República; e (d) discutir os mecanismos de institucionalização da promoção da igualdade racial, tendo em vista a implantação do Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial (SINAPIR).
Sobre a III Conapir
A III Conapir será realizada em Brasília (DF) de 5 a 7 de novembro de 2013. Cerca de 1,4 mil pessoas, sendo 200 convidados (autoridades, personalidades e representantes de entidades nacionais e internacionais), e 1,2 mil delegadas(os) participam do evento. O processo foi iniciado em 21 de março, no aniversário de dez anos da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República (SEPPIR-PR), quando foi realizado o primeiro de uma série de seis seminários temáticos, em capitais das cinco regiões do país.
A III Conapir foi convocada pela presidenta Dilma Rousseff através de Decreto em 16 de abril de 2013.
Contatos:
Portal da III CONAPIR: www.seppir.gov.br/iiiconapir
Serviço de Atendimento: 0800-645-6359
Comissão Organizadora: 61-2025-7121 / 2025-7069 (conapir2013@seppir.gov.br)
Comunicação da SEPPIR: 61-2025-7040/2025-7043 (seppir.imprensa@seppir.gov.br)
14/08/2013
Coordenação da Assessoria de Comunicação da SEPPIR
Juci Machado - (61) 2025-7040 / 9127-8708
Jornalistas
Carmen Lustosa - (61) 2025-7148
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Waleska Barbosa - (61) 2025-7041
Sandro Lobo - (61) 2025-7038
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Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial
da Presidência da República – Seppir/PR

PRESIDENTE DO SINDPOL/MG FALA AO BLOG SOBRE A GREVE DA POLÍCIA CIVIL E SOBRE O PL 21/2011

Denílson Martins, à direita, em assembléia dos policiais civis, que montaram acampamento na ALMG
A greve dos policiais civis de Minas se estenderá até, pelo menos, a próxima terça-feira, dia 27. O PLC 23 (Projeto de Lei Complementar), que trata da reorganização da categoria, define a Lei Orgânica da Polícia Civil, estava para ser votado nesta última terça-feira e teve sua apreciação pelo legislativo  mineiro adiada para a próxima semana. A população reclama da deficiência no atendimento da corporação, muitas vezes sem saber os motivos.

Conversamos sobre isso e sobre outras questões com o presidente do Sindpol - Sindicato dos Servidores da Polícia Civil de Minas Gerais, Denílson Martins. Uma delas diz respeito ao PL 21/2011 (Projeto de lei 21 de 2001), de autoria do deputado federal Delegado Protógenes Queiroz, que transforma o crime de corrupção na seara pública em hediondo e define penas que vão de 12 a 30 anos, além de obrigar o judiciário a priorizar processos de crimes de corrupção

Blog - Depois de toda a movimentação o PLC 23 seria votado nesta terça-feira, 20/8, mas a votação foi adiada para a próxima terça-feira. Qual a expectativa do sindicato, do Sindpol em relação à sua aprovação pelos deputados?

Denílson - O assunto não é novo. Estamos aqui na Assembléia Legislativa desde o dia 10 de junho, quando se iniciou nossa greve. O projeto é de 2012, está aqui há quase dois anos e a expectativa é de que o governo cumpra sua palavra para conosco. Os deputados já têm conhecimento de suas nuances, fizeram compromisso conosco e esperamos que na próxima semana o projeto seja pautado para votação. A sociedade não pode esperar mais, temos na Polícia Civil o mesmo efetivo da década de 80. Nosso maior problema hoje é o quadro de efetivos.

Blog - São cerca de 11 500, é isso?

Denílson - Negativo, não passa de 10 mil. E temos que compreender que a cada mês 1/10 deles estão de férias. Então são cerca de 8500 a 9000 policiais efetivamente trabalhando. Tem que ver também os que têm férias prêmio, o caso de policiais femininas que tê 180 dias de licença maternidade e, além disso, 1/3 dos policiais estão afastados por licença psiquiátrica. Temos uma precariedade real no nosso serviço de saúde, de atendimento médico, não temos atendimento da base conveniada no interior. É dramática a situação da Polícia Civil hoje.

Blog - Teria que pelo menos dobrar esse efetivo, para oferecer um melhor serviço para a população?

Denílson - Sim, foi feito um estudo em 2009 pelo INDG - Instituto Nacional de Desenvolvimento e Gestão - que aferiu que para 2010 o ideal seria um efetivo de 18500 policiais, para fazer frente a essa onda de criminalidade e também para atender à demanda produzida pela PM com seus 50 mil homens. Essa é a realidade que deveríamos ter em 2010. Os estudos, portanto, já têm 3 anos de defasagem.

Blog - Outra reivindicação do sindicato e dos policiais é a de terem melhores condições materiais de trabalho, né, o que inclui tecnologia, melhor formação científica, enfim, mais condições para atender melhor à população. É isso mesmo?

Denílson - Perfeito! Hoje, as delegacias estão caindo aos pedaços, são prédios improvisados, o governo foi negligente em permitir que o estado de sucateamento da polícia chegasse ao ponto que chegou. As viaturas são obsoletas, algumas com mais de 600 mil quilômetros rodados, e isso é inconcebível, coloca em risco a vida de policiais e de terceiros. Nossos implementos de informática estão em estado de sucateamento, não tem toner, não tem equipamentos para impressão de ocorrências, estamos em estado lastimável. E quando se fala sobre o interior é muito grave, com servidores improvisados, sem qualificação profissional, servidores municipais com remuneração e qualificação precárias, o que coloca em risco até mesmo a regularidade processual dos atos ali praticados pela polícia judiciária. Temos um serviço de Detran que é fundamental para a sociedade mineira, mas não foram feitos concursos para cobrir esse tipo de efetivo, então são utilizados policiais, o que acaba desfalcando mais o quadro criminalístico da Polícia Civil. A polícia mais cuida do Detran, de registro de veículos, da habilitação de condutores do que da investigação criminal propriamente dita.

Blog - A expectativa então é de aprovação do PLC 23?

Denílson - A expectativa sim, mas se não aprovar, se não houver o compromisso da palavra dada eu receio que a categoria possa, num ato de indignação, até interromper o funcionamento do poder legislativo.

Blog - Agora uma outra questão: tem um Projeto de lei que está no Congresso Nacional, na Câmara dos deputados para votação em caráter prioritário, desde fevereiro de 2011, o PL 21/2011. É de autoria do deputado Delegado Protógenes Queiroz (PCdoB-SP) e transforma o crime de corrupção na esfera pública em hediondo, com pena mínima de 12 anos podendo chegar a 30, dependendo montante do desvio, e pune os dois pólos, o agente ativo e o passivo, o corruptor e o funcionário envolvido. Determina ainda que o poder judiciário priorize o julgamento de processos de crimes de corrupção. Como o sindicato e a própria categoria vêm a possibilidade de que seja aprovado?

Denílson - Entendemos que é um projeto positivo, que sua aprovação é funda,mental porque ele coloca um enfoque especial, majora as penas daquele delito que eu reputo ser o mais grave, porque a ação de um criminosos comum atinge no máximo uma pessoa, duas pessoas ou até uma família. Já a ação de um corrupto compromete o futuro de uma nação, compromete serviços essenciais como a Saúde, a Educação a Segurança Pública e outros. O que a gente cobra é sua aprovação e, inclusive, tão logo seja aprovado a valorização das polícias judiciárias, a federal, que é a polícia judiciária da União, e a civil, que é a polícia judiciária dos estados.

Blog - A valorização das polícias?

Denílson - Sim, porque não basta apenas definirmos como crime hediondo a corrupção, crime para ser apurado com maior celeridade, temos que capacitar mais o operador que irá apurar esse tipo de denúncia, de crime. Não podemos ter uma polícia sucateada para investigar bacana. A polícia não tem que se preocupar só em subir o morro, os maiores criminosos estão morando nos flats, estão operando nas grandes fortunas, no sistema bancário, operando inclusive no sistema político de nosso país. É lamentável o que vou dizer, mas não é fato novo, o crime organizado está preocupado em colocar representantes também no parlamento, só a polícia não tem representantes lá. Então a gente vê com muito bons olhos o PL 21, do Protógenes Queiroz. A experiência que ele adquiriu ao longo de sua carreira atesta sua maestria em conduzir essa matéria. Esperamos que seja aprovado, e se precisar do apoio de entidades de classe da polícia vamos nos mobilizar, vamos levar a categoria para Brasília e acompanhar de perto juntamente com outros segmentos do movimento social para que essa matéria de fundamental importância para o país seja aprovada em caráter de tempo recorde.

Leia mais AQUI sobre o PL 21. E AQUI  e AQUI sobre a greve dos policiais civis.



sexta-feira, 16 de agosto de 2013

PAULO MOURÃO, UM CORAÇÃO DE CANÇÕES

O violeiro Paulo Mourão entoou muitas cantigas no último sábado, no Memorial Minas Gerais - Vale. Nas palavras da produtora Cris Souza: "Um show cheio de graça e emoção que encantou a todos, proporcionando uma tarde de sábado agradável e recheada de boa música e amigos". LEIA MAIS

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

EM GREVE, POLÍCIA CIVIL MINEIRA EXIGE MELHORIAS PARA CORPORAÇÃO E NOS SERVIÇOS QUE PRESTA


Acampamento da Polícia Civil na ALMG

Os policiais civis mineiros, em greve desde o dia 10 de junho, estão mantendo um acampamento na Assembléia Legislativa, na entrada que dá para a praça Carlos Chagas. Conforme o Sindpol, sindicato da categoria, a corporação luta pela aprovação do Projeto de Lei 23/2012 (PLC 23/12), que altera a Lei Orgânica da Polícia Civil e cria melhores condições de trabalho.

Isso inclui também uma polícia mais equipada materialmente e tecnicamente para oferecer maior formação e melhores serviços para a população, com mais condições científicas, deixa claro o Sindpol. Na tarde de ontem foi realizada nova assembléia, que decidiu pela manutenção da greve até a aprovação da PEC 23 e sua sanção pelo governador.

Rechaçam a proposta de Lei orgânica apresentada pelo executivo estadual, que consideram distante das atividades cotidianas de seu trabalho, além de subtrair direitos profissionais, e exigem a aprovação do PLC 23 pela Assembléia Legislativa. De acordo com a diretoria do Sindpol lideranças partidárias garantiram que o projeto estará na pauta para votação na próxima terça-feira, dia 20.

Assembléia da categoria ontem

Denunciam que a Polícia Civil está sucateada no estado e pedem equiparação salarial da base a um terço do salário de delegado geral grau B, com a reestruturação das carreiras administrativas e concurso público para inclusão de mais investigadores. O estado hoje conta com pouco mais de 11 mil policiais civis, quando seriam necessários perto de 20 mil, reivindica o sindicato.

Para o sindicato, em pronunciamento da direção durante a assembléia, caso as reivindicações não sejam atendidas a ocupação poderá ir para o interior do prédio do legislativo mineiro. Sobre isso, foi informado também que o presidente da ALMG, deputado Diniz Pinheiro (PSDB), disse em reunião com membros da direção sindical que tal ocupação só se daria com ele morto. Agora é aguardar a votação na terça-feira.

Após a assembléia cerca de 300 policiais fizeram passeata até a Praça 7, no centro da capital, seguindo um caminhão de som onde se tocava uma música feita especificamente para a categoria. Na praça, cujos cruzamentos foram fechados e o trânsito inteiramente interrompido, foi promovida a queima de caixões.

Leia mais AQUI sobre o movimento.

Queima de caixões na Praça 7







                                                                  MAIS FOTOS

Na entrada principal da ALMG, na rua Rodrigues Caldas

Acampamento na ALMG








Memória brasileira: um índio Pataxó, que expunha nas imediações da Praça 7

Fim da fogueira e o fim da tarde



quinta-feira, 8 de agosto de 2013

AÉCIO NEVES DEVE EXPLICAÇÕES: QUE DINHEIRO É ESSE?


Post do blog em outubro de 2011

Petistas e outros oposicionistas a Aécio Neves em Minas divulgaram com estardalhaço nas redes sociais sobre o processo movido pelo Ministério Público de Minas Gerais contra o senador, em acusação de desvio de R$ 4,3 bilhões destinados à Saúde quando foi governador mineiro e por descumprir o piso constitucional de financiamento da Saúde Pública entre 2003 e 2008. 

Já os partidários do ex-governador contestam, afirmando que o valor foi aplicado em saneamento básico, o que se constituiria na opinião deles em investimento em Saúde Pública. Citam inclusive administrações estaduais petistas em que casos semelhantes teriam ocorrido. Em maio o TJMG manteve o ex-governador Aécio Neves como réu no processo. Agora, se não houve recurso julgado favorável, é aguardar a decisão judicial sobre o mérito.

Porém, há outra questão, de cunho eleitoral, que precisa ser explicada pelo ex-governador, referente às eleições de 2010. E não só pelo ex-governador, exige explicações também do Ministério Público e da Polícia Civil.

Em 2010 Aécio foi candidato a senador. No dia em que realizou comício na cidade de Itabira, berço de Drummond, da Vale e de muitos mais, foram distribuídos panfletos de sua campanha específicos sobre investimentos que ele teria feito como governador no município. 

No panfleto consta que seu governo enviou R$ 5 milhões para melhorias das operações no aeroporto de Itabira. E aí a coisa trava: acreditem ou não, senhores leitores e quaisquer outros, não há aeroporto em Itabira. Lá, no máximo, pousam helicópteros, na área urbana ou rural. Ou pequenos aviões que possam necessitar fazer pouso de emergência na rodovia. 

O senador Aécio Neves tem de explicar isso. E o Ministério Público também, por não ter tomado nenhuma iniciativa, mesmo que não provocado, ou a Polícia Civil, já que o fato foi público e notório no município. Foi inclusive publicado por este blog (Veja imagem acima). 

Ah, nem mesmo o OVNI que por lá passeou foi visto pousando. Clique AQUI para ler e ver. E leia também a matéria "Índices vergonhosos. E a maracutaia continua".