quinta-feira, 25 de abril de 2013

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21 de abril de 1999, em Ouro Preto. Itamar governador, praça aberta para manifestações populares  LEIA MAIS

MULHER E POLÍTICA: primeiro fórum do PMDB Mulher de Minas Gerais  LEIA MAIS








Greve na Justiça: servidores esclarecem  LEIA MAIS









Lula e Dilma em BH  LEIA MAIS








Ato promovido pela Associação Mineira do Ministério Público contra a PEC 37, na sede do CREA  LEIA MAIS










CIGANOS MINEIROS EM PAUTA: MINAS CIGANA. LEIA AQUI





100 ANOS E 49 FILHOS ADOTIVOS: UMA HISTÓRIA CHAMADA DONA TEREZA  LEIA AQUI








PCdoB comemora 100 anos. Maria Prestes, ex-companheira de Luiz Carlos Prestes, lança livro  LEIA MAIS









OVNI EM ITABIRA VIRA NOTÍCIA NA TV  LEIA MAIS












GABEIRA: A SAFADEZA CONTINUA  LEIA MAIS



JUCA FERREIRA: MEMÓRIA AUTORITÁRIA ALIMENTA VIOLÊNCIA  LEIA MAIS






NOVEMBRO DE 2002: LULA VISITA 'SUAS CIDADES NATAIS', GARANHUNS E CAETÉS, PELA PRIMEIRA VEZ COMO PRESIDENTE ELEITO  LEIA MAIS








O ENCONTRO MARCADO: POR QUÊ ELES SE REUNIRAM ANTES DAS ELEIÇÕES?  LEIA MAIS








FALTA DE AÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO PODE TER GARANTIDO VITÓRIA DE CANDIDATO  LEIA MAIS







O MORRO TEM VEZ  LEIA MAIS






Após denúncia documentada da compra de um único computador por mais de R$ 223 mil pela prefeitura itabirana, ex-prefeito processa o jornal Mosaico e liminar judicial publicada proíbe o jornal de veicular charges e fotos. LEIA MAIS

domingo, 21 de abril de 2013

MEMÓRIA: 21 DE ABRIL DE 1999 - OURO PRETO

As fotos abaixo foram publicadas em matéria na edição de  março/abril de 1999 do jornal Mosaico.



LULA E O EX-GOVERNADOR GAÚCHO OLÍVIO DUTRA (PT) CONDECORADOS PELO ENTÃO GOVERNADOR MINEIRO ITAMAR FRANCO (foto Welligton Pedro - Secom)



A PRAÇA TIRADENTES TOMADA PELOS MANIFESTANTES (fotos Welligton Pedro - Secom)


DETALHE DO PAINEL 'OS INCONFIDENTES', DE PORTINARI, NO PALÁCIO DOS DESPACHOS

PÁGINA INICIAL

MULHER E POLÍTICA: PMDB MULHER DE MINAS PROMOVE FÓRUM


A presidenta do PMDB Mulher de Minas, Aparecida Moura, em sua palestra 


O PMDB Mulher de Minas Gerais, presidido por Aparecida Moura, promoveu na sexta-feira 19 de abril um evento na Escola do Legislativo mineiro, com o tema 'PMDB Mulher e os municípios', que contou também com a participação de muitos homens. Só para lembrar, há apenas uma mulher vereadora em Belo Horizonte, num total de 41 cadeiras, e apenas 5 deputadas no estado, entre 77. Aparecida Moura respondeu a algumas indagações deste blogueiro:

Blog - Aparecida, o que motivou a realização deste fórum?

Aparecida Moura - O PMDB é um partido sólido, o MDB foi a base para muitos outros. Hoje as mulheres do partido se reúnem neste primeiro fórum estadual mostrando seu compromisso com as cidades, com as cidadãs e cidadãos, com a comunidade, e isso significa que as mulheres querem estar ao lado dos homens, dos jovens, na grande construção de políticas públicas mais eficientes. Essa é uma grande bandeira do PMDB, para os jovens, na questão racial, para as mulheres... Esse é o primeiro fórum, mas vamos realizar mais três justamente para trabalhar conteúdos linkados com nossas bandeiras políticas.

Blog - A participação da mulher na política institucional, nos processos eleitorais ainda é muito reduzida. Que conclamação você faria à mulher mineira?

Aparecida Moura - Independente de sigla partidária, raça, credo religioso a que qualquer mulher pertença temos uma grande luta que é afirmar a cidadania das mulheres através dos partidos políticos. Cada uma se filiando ao partido com o qual ela melhor se identifica. A participação feminina é realmente muito humilde ainda, no cenário político. Muitos fatores determinam isso. Um deles - e não vou culpar os homens, ou só as discriminações - é que as próprias mulheres ainda ficam afastadas e têm que se alimentar de formação política, de conhecimento, para que a gente possa ter a capacidade ampliada para erguermos e construir nossas próprias bandeiras. Temos que sair candidatas e levar um discurso forte, transformando idéias em projetos, viver a militância política, enfim. Tem que participar eleitoralmente, ganhar ou perder é outra questão.

Blog - Já que hoje é Dia Nacional do Índio, que já teve todos os dias como seus, o que você teria a dizer para a mulher indígena?

Aparecida Moura - Primeiro minha admiração por sua cultura, sua visão, que muitas vezes nós das cidades, das metrópoles não temos. E o mais importante: são as que mais precisam ter sua cidadania afirmada, como mulheres, como indígenas. Têm inclusive uma vida muito diferente das mulheres das metrópoles. Estive numa reunião de mulheres no Mato Grosso do Sul, em Campo Grande, onde estavam também mulheres indígenas. Falei muito com elas e aprendi muito. Têm bandeiras significativas que são diferentes das nossas, e senti na fala delas que a violência interna nas tribos é muito menor que nas metrópoles. Sua cidadania também tem que ser afirmada e com a participação delas, que inclusive já estão participando dos encontros de mulheres nos estados onde vivem e convivem.

Blog - E quanto à mulher cigana?

Aparecida Moura - Tenho estudado e pesquisado sobre a questão cigana, estou procurando ver as tradições e o folclore através desse segmento. Já estamos inclusive pensando no PMDB, quem sabe, em articular, abrir espaço para esse segmento, até levando em consideração as propostas e projeto que você apresentou sobre os ciganos e que já conversamos. (LEIA AQUI sobre o projeto 'Minas cigana')

Nas fotos abaixo, duas das participantes do evento:

A ialorixá Marlene do Gantois, também conhecida como Mãe Marlene das Minas Gerais, e...

... a militante Neusi, que inclusive vendeu lá uma deliciosa geléia de ibisco

quinta-feira, 18 de abril de 2013

GREVE NA JUSTIÇA: SERVIDORES ESCLARECEM



PASSEATA DOS SERVIDORES ONTEM, NO CENTRO DE BELO HORIZONTE 
Texto enviado ao blog por servidores da Justiça, de autoria de Flavia Gama.
OS SERVIDORES DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE MINAS GERAIS ESTÃO EM GREVE!
Muitos não sabem por que, misteriosamente, pouco foi divulgado na imprensa. Às raras exceções que divulgaram alguma coisa, agradecemos!
Por isto, torno público através do facebook, utilizando-o como ferramenta de conscientização, os motivos que nos levaram a esta situação: 
Se você tem um processo na justiça mineira e ele “não anda” (como se diz popularmente), é por causa da precariedade que convivemos, desde que passamos no concurso público.
Sei que muitos pensam que temos vida boa, afinal, este é o mito que se criou em torno do funcionário público. Saibam: NÃO SOMOS MARAJÁS!
 
Trabalhamos muito, mas muito mesmo, porque somos POUCOS, pois o TJ NÃO NOMEIA os servidores aprovados no concurso, não CRIA mais CARGOS. O número de processos cresceu assustadoramente, assim como a população cresceu, assim como as pessoas aprenderam a procurar a Justiça para resolver suas divergências. E cresceu tanto que em muitas comarcas NÃO HÁ ESPAÇO FÍSICO para os processos. Alguns são arquivados NOS BANHEIROS! Isto mesmo, seu processo, que é importante para você, que trata de algo da sua vida, é guardado no BANHEIRO. 
Em algumas secretarias, os funcionários trabalham espremidos no meio dos processos e têm que esperar o colega ir embora para ter mesa para trabalhar...
Alguns Fóruns são tão antig os e tão precários que o TJ aluga outros prédios para alocar as Secretarias, em vez de construir novos Fóruns, como é o caso de Contagem. É DINHEIRO DO POVO que está sendo gasto com pagamento de aluguel e isto não resolve o problema. Os imóveis alugados são improvisados, não foram feitos para comportar as secretarias e o peso dos processos, colocando em risco a vida dos servidores e da população... 
Em alguns locais, há uma média de 2.000 processos por servidor. Isso mesmo: UMA pessoa, SOZINHA, fica responsável por dar andamento no processo (colocar a capa no processo, citar, intimar, juntar petições, numerar as folhas, expedir mandados, ofícios, publicar, analisar, fazer carga, receber, fazer conclusão para o Juiz, receber de volta, juntar mais petições, numerar, e xpedir alvará, etc, etc, etc....) EM 2.000 PROCESSOS. Ainda tem que atender os advogados e as partes no balcão e explicar por que o processo está parado há mais de um mês...
ENTENDE PORQUE DEMORA????
 
Não é má vontade. Não é porque enrolamos o serviço. É PORQUE ESTAMOS SOBRECARREGADOS!
E como se não bastasse, em 2009 foi criado no TJMG um grupo de trabalho para e st udar uma forma de fazer com que os servidores permanecessem no Tribunal. Diante do exposto acima, muitos trocam o TJ por outros concursos. O que você tem com isso? Cada vez que saem funcionários e entram novos e inexperientes demora ainda mais para seu processo “andar” porque o funcionário precisa aprender como se faz. Ah!... não tem um treinamento apropriado, ele aprende com o colega, que para o serviço dele (ou seja, outros processos parados...)para ensinar quem entrou.
 Quando você faz um concurso, você faz uma prova para testar seu conhecimento sobre as matérias, não para provar que você sabe trabalhar naquilo, pois isto, você aprende é trabalhando, como em qualquer outro lugar (empresa privada ou serviço público).
Em Minas Gerais tem uma das maiores arre cad ações do país, mas nossos salários estão em 23º. Lugar comparado com o resto dos TJ’s do país, ou seja, um dos piores salários...
Aquele Grupo de Trabalho de 2009, definiu que a forma de melhorar nossos salários e nos manter no TJ seria dividir um reajuste em 5 (CINCO) ANOS, a começar em 2013. Estamos em 2013 e o TJMG nos disse que por um imprevisto, não vai nos pagar como prometeu.
 
O que pedimos são DIREITOS, são MELHORIAS que alcançarão a TODOS, inclusive VOCÊ!
Então:
1- PELA NOMEAÇÃO DE MAIS FUNCIONÁRIOS;
2- PELA CRIAÇÃO DE MAIS CARGOS;
3- PELA MELHORIA DAS CONDIÇÕES DE TRABALHO;
4- PELA MELHORIA DOS LOCAIS DE TRABALHO;
5- PELO DIREITO AO AUMENTO PROMETIDO E DESCUMPRIDO;
6- PELA DIGNIDADE!
E S T A M O S D E G R E V E !
Ajude-nos a melhorar a prestação do nosso serviço à SOCIEDADE MINEIRA!
Você não precisa ficar de greve com a gente, mas pode nos apoiar divulgando este texto. 


terça-feira, 16 de abril de 2013

LULA E DILMA EM BH: O CIDADÃO MINEIRO E A MINEIRA PRESIDENTA

No plenário JK, ao receber a placa (Foto ALMG - Lia Priscila)

Lula recebeu ontem o título de cidadão honorário mineiro, concedido pela Assembléia Legislativa, através de projeto apresentado pelo deputado Rogério Correia (PT). Uma homenagem muito pra lá de merecida, e até em atraso, penso eu. Em seu discurso, lembrou acertadamente: "Se eu tenho tanto respeito e carinho por Minas e - permitam-me dizer - se os mineiros tem tanto carinho e respeito por mim, é porque entre nós criou-se uma profunda identidade, é porque acreditamos nos mesmos valores éticos e políticos, temos a mesma visão humanista da existência, o mesmo compromisso de vida com a dignidade e a justiça."

Como não poderia deixar de fazer, resgatou rapidamente a história do movimento sindical mineiro, evocando a greve dos metalúrgicos de Contagem em 1968 e os movimentos do final da década de 70, como a greve dos metalúrgicos de João Monlevade em 1978, a dos professores em 79 e a dos operários da construção civil também em 1979, quando 50 mil deles marcharam pelas ruas centrais de Belo Horizonte e um deles foi morto com um tiro pela polícia da ditadura, Oracílio Martins Gonçalves. 

Lembrou ainda que esteve aqui na época e participou de assembléia com eles no ex-campo do Atlético, na avenida Olegário Maciel. Falou de sua forte ligação com Minas: "Digo a vocês com toda sinceridade que mesmo antes de receber este título tão importante eu já me sentia em casa em Minas, já me sentia em família. Eu já me sentia mineiro de alma e coração". 


Na chegada à Assembléia: saudado também pelos grevistas servidores da Justiça mineira(Foto ALMG - Guilherme Dardanhan)

Centenas de pessoas receberam o ex-presidente e acompanharam o evento, dentro e fora da Assembléia. O presidente do legislativo, Diniz Pinheiro (PSDB, destacou a importância do homenageado: 

“Lula foi o primeiro operário eleito para a Presidência da República e agora é nosso conterrâneo. Ele é personagem da grande virada democrática que teve vez na América do Sul, fruto de muitas lutas que sacrificaram toda uma nova geração política. Nesse mesmo contexto, Dilma Rousseff foi a primeira mulher eleita presidente do País”

Depois Lula se dirigiu para o Minascentro, onde ocorreu, com a presença da presidenta Dilma, o terceiro seminário comemorativo dos 10 anos dos governos comandados pelo PT, onde ele, em seu discurso, lembrou que o silêncio é a marca de ditaduras e não das democracias: "A democracia não é um pacto de silêncio". 



A presidenta Dilma discursando no Minascentro



Lula, no Minascentro



Público presente no Minascentro



Jovens na manhã do último sábado, no centro: na luta por um mundo melhor



Sobreviventes indígenas brasileiros (no caso, Pataxos, de Coroa Vermelha, Bahia): vendendo artesanato na feira de domingo, na Avenida Afonso Pena

Lula foi homenageado no plenário Juscelino Kubitschek, ex-presidente de raízes ciganas. O Dia Nacional dos Ciganos foi instituído por Lula em 25 de maio de 2006, e é comemorado no 24 de maio. LEIA AQUI matéria do blog sobre ciganos em Minas e no Brasil.

E leia também o post 'Para perder o medo de ser feliz' , contendo matéria feita por este blogueiro em novembro de 2002, em Garanhuns e Caetés, quando Lula visitou 'suas cidades natais' pela primeira vez após ter sido eleito presidente:



No evento na Assembléia Lula proferiu um discurso oficial, lido, além de sua intervenção espontânea, é claro. Aqui o link de sua fala. E abaixo, o seu discurso oficial:

"Amigas e amigos,

Eu quero contar a vocês uma história. Em julho de 1979, eu vim a Minas para atender ao chamado dos trabalhadores da construção civil, que haviam deflagrado o movimento conhecido como “greve dos pedreiros”. Uma greve, na verdade, organizada pelos próprios trabalhadores, sem o apoio da direção do seu sindicato, e que pegou de surpresa a população e as autoridades.
Meses antes já haviam acontecido em Minas duas outras importantes paralisações: a dos metalúrgicos de João Monlevade e a dos professores da rede pública. Desde a famosa greve de Contagem, em 1968, não se viam em Minas assembleias, passeatas e manifestações de rua tão massivas quanto as que foram realizadas por estas categorias.
Tal como em São Bernardo do Campo, as assembleias dos pedreiros de Belo Horizonte lotavam um estádio de futebol – no caso, as arquibancadas e o gramado do antigo campo do Atlético, bem perto daqui. E, da mesma forma que em São Bernardo e outras cidades, também foram duramente reprimidas.
No dia 30 de julho de 1979, milhares de trabalhadores reuniram-se na Praça da Estação e subiram em passeata para participar da assembleia. Quando já estavam próximos ao estádio, a polícia interveio com violência: cerca de 60 pessoas ficaram feridas, outras 100 foram presas e o operário Oracílio Martins Gonçalves foi morto com um tiro, no meio da rua cercada pelos policiais. Oracílio tinha 24 anos, era casado e pai de um filho recém-nascido. A tragédia fez com que o Tribunal Regional do Trabalho, numa decisão corajosa, considerasse a greve legal e determinasse o reajuste salarial e o pagamento dos dias parados.
Para mim, do ponto de vista existencial e político, aquele chamado dos trabalhadores de Belo Horizonte foi muito marcante, pois eu não conhecia pessoalmente ninguém do movimento. Me chamaram e me receberam como um irmão de classe. Aliás, no apoio aos pedreiros, estive lado a lado com as principais líderes do novo sindicalismo mineiro: os companheiros Dídimo de Paiva, Arlindo Ramos, João Paulo Pires, Wagner Benevides e Luiz Dulci.
Naquele momento, o que acontecia no ABC paulista, em Minas e em outros pontos do país demonstrava que o movimento dos trabalhadores havia adquirido uma nova dimensão histórica. Não era só a oposição à ditadura que assumia um caráter popular, e a percepção de que o monopólio da política pelas elites tinha se rompido. Tudo isso era muito importante, mas havia algo ainda mais significativo:
o fato de que o avanço do movimento dos trabalhadores já não dependia tanto de conquistas materiais imediatas. A compreensão de que derrotas e vitórias faziam parte de um aprendizado coletivo, cuja finalidade, além da resistência econômica, era a auto-afirmação cultural, social e política dos trabalhadores e do conjunto das classes populares.
Compreensão que iria se traduzir, mais adiante, na fundação do PT, na criação da CUT, nas campanhas das diretas-já e da constituinte soberana, e em tantas outras mobilizações que transformariam profundamente a face do país.
Comecei lembrando a “greve dos pedreiros” para dizer a vocês que a minha relação com Minas Gerais já nasceu na luta, em torno de causas libertárias do estado e do país. Surgiu no combate ao autoritarismo e se consolidou nas grandes batalhas pela redemocratização. Mas não parou aí. Desdobrou-se em um vigoroso projeto de mudança social e emancipação de nosso povo, que sairia vitorioso das urnas em 2002, inaugurando uma nova época na vida brasileira, de desenvolvimento e oportunidades para todos. Ao longo desse processo, a contribuição de Minas sempre foi fundamental.
Desde aquela época, foram inúmeras as ocasiões em que voltei a Minas, seja para apoiar as legítimas reinvindicações dos homens e mulheres desse estado, seja para pedir – e obter – o generoso apoio do povo mineiro à construção de um novo Brasil. Nossa relação foi tecida ao longo de mais de 35 anos de intenso convívio.
Se eu tenho tanto respeito e carinho por Minas e – permitam-me dizer – se os mineiros tem tanto respeito e carinho por mim, é porque entre nós criou-se uma profunda identidade, é porque acreditamos nos mesmos valores éticos e políticos, temos a mesma visão humanista da existência, o mesmo compromisso de vida com a dignidade e a justiça.
Não existe uma única região de Minas que eu não tenha visitado e, mais do que isso, que eu não tenha percorrido e conhecido diretamente, sempre em diálogo com os pobres, com os trabalhadores urbanos e rurais, com os intelectuais e artistas, com as pastorais, com os empresários e as lideranças políticas.
Quando me refiro ao Norte de Minas, ao Sul, ao Triângulo, ao Vale do Paranaíba, à Região Metropolitana, ao Rio Doce, ao Vale do Jequitinhonha, ao Oeste, à Zona da Mata, ao Vale do Aço e a qualquer outro rincão de Minas, não estou falando apenas de nomes e classificações geográficas. Falo de terras, de ambientes, de comunidades, de gente de carne e osso – e alma – que tive a alegria de conhecer nas minhas andanças pelas várias Minas e pelos tantos Gerais que integram esse inconfundível e fascinante estado.
Tomo a liberdade de homenagear a cada uma e a todas as regiões de Minas manifestando o meu afeto pelo nosso querido Vale do Jequitinhonha. Muitas vezes estive no Vale, e outras voltarei, se Deus quiser.
Em 1995, fizemos no Jequitinhonha uma extraordinária caravana da cidadania, que se deteve em 11 cidades, de Diamantina a Almenara, ouvindo e conversando com a população, conhecendo de perto as suas carências e anseios, e debatendo com ela as soluções para os seus problemas. Ali descobri pessoas incríveis, que nunca mais saíram da minha mente e do meu coração, como, por exemplo, o Bispo de Araçuaí, Dom Enzo, o trabalhador rural Vicente Nica e a nossa pequena grande Cacá.
No Vale, a fisionomia de Minas à vezes é seca, dura. Tem cicatrizes deixadas pela miséria e a fome. Com frequência, as mãos e as caras são ásperas, refletindo a injustiça e o sofrimento secular. Mas aquele povo também possui uma beleza delicada e altiva, uma força impressionante para enfrentar as adversidades. É um povo carente, mas insubmisso, que não se rende à prepotência, à desigualdade, à exclusão. Não aceita ser embrutecido.
E o melhor exemplo disso é a esplêndida arte do Jequitinhonha, – a sua música, por exemplo – que transfigura, com enorme talento, o sofrimento em esperança, a carência em abundância compartilhada.
Não tratarei aqui da história rebelde de Minas e do seu insubstituível papel na construção da nacionalidade. Nem da riquíssima cultura mineira, de seus poetas e romancistas, de seus pintores, escultores, artesãos, músicos, cineastas, atores, de seus pensadores e cientistas, dessa inigualável mescla de razão e sentimento que Minas oferece permanentemente ao Brasil. Não vou lembrar as delícias da culinária mineira, para não ficar com água na boca.
Nem citarei as grandes equipes do futebol mineiro, – o Cruzeiro de Tostão e Dirceu Lopes, o Atlético de Cerezo e Reinaldo – que encantaram plateias de Minas, do Brasil e do mundo. Da mesma forma, não vou listar os grandes líderes políticos que Minas já deu ao país, a exemplo de nossa querida Presidenta Dilma, cuja presença nessa solenidade me honra e enternece , e também do nosso inesquecível José Alencar.
Só por ter me dado um parceiro magnífico como José Alencar, eu já teria que ser eternamente grato a Minas. E por nos ter presenteado com esta mulher capaz, eficiente e justa, que hoje lidera com tanto êxito os destinos do nosso país, o Brasil inteiro tem que ser eternamente grato a Minas.
Recordo com emoção de alguns companheiros e companheiras que já não estão fisicamente entre nós – o seu exemplo, sim – e que dedicaram o melhor da sua inteligência, sensibilidade e energia à vitória do nosso projeto coletivo e à causa da libertação social. Militantes e seres humanos admiráveis, despojados, fraternos. Penso por exemplo, em Hélio Pellegrino, Betinho e Henfil. Em Helena Greco e Célio de Castro. Em Joaquim de Oliveira e Milton Freitas. No Saudoso Dazinho.
Assumindo a Presidência da República, em 2003, pudemos retribuir ao povo mineiro todo esse apoio e carinho. Orgulho-me de ter valorizado fortemente essa terra e a sua gente. Nesse período, o volume de recursos aplicados em Minas Gerais foi excepcional. Os investimentos produtivos, as obras de infraestrutura e os programas sociais que o governo federal realizou em Minas contribuíram – e muito – para tornar mais digna a vida dos mineiros.
E o meu orgulho é maior ainda quando vejo que a Presidenta Dilma está fazendo por Minas ainda mais e melhor.
Não é o caso de fazer aqui o inventário completo de tudo o que o governo federal fez, na última década, pelo desenvolvimento econômico e social deste estado. O povo de Minas, mais do que ninguém, sabe como e porque a sua vida melhorou.
Por tudo isso, o título de Cidadão Mineiro com que vocês hoje me distinguem é uma grande honra. Honra que implica em seguir fiel aos valores e ideais que compartilhamos e que dão sentido a nossas vidas. E em continuar lutando, até quando Deus me der forças, para fazer avançar a democracia e a igualdade social em nosso país.
Se me permitirem, quero concluir dizendo a vocês, com toda a sinceridade, que, mesmo antes de receber este título tão importante, eu já me sentia em casa em Minas Gerais. Já me sentia em família, entre irmãos.
Muito obrigado".

sábado, 13 de abril de 2013

MP PROMOVE ATO CONTRA APROVAÇÃO DA PEC 37




A Associação Mineira do Ministério Público - juntamente com a Procuradoria-Geral de Justiça - promoveu nesta sexta-feira 12 de abril um ato no auditório do CREA contra a PEC 37, que tira poderes investigatórios do Ministério Público. Pessoas ligadas a movimentos sociais, à igrejas, como o frei Gilvander Moreira (na foto, em sua intervenção), parlamentares e sociedade civil manifestaram-se contrários à aprovação da PEC.

O presidente da Assembléia Legislativa, deputado Diniz Pinheiro (PSDB) chegou a caracterizá-la como 'atentado à democracia', e a Comissão de Direitos Humanos (CDH) do legislativo  mineiro aprovou na segunda-feira moção de repúdio a ela. Em seu discurso no evento, o deputado Durval Ângelo (PT), presidente da CDH, colocou-se claramente contra a PEC, ressaltando parcerias da Comissão com o Ministério Público e que este, em qualquer situação, tem de investigar, sem omitir-se. 

Opinião semelhante foi manifesta pelo frei Gilvander Moreira. Já a procuradora da República Zani Cajueiro, representando a Associação Nacional dos Procuradores da República, chamou a atenção para o perigo representado para projetos assim, lembrando que podem vir a atingir inclusive a imprensa e que através da atuação desta inumeráveis investigações foram levadas a efeito.

Este blogueiro, diretor do jornal Mosaico, também se pronunciou contrário à PEC, mas ressaltou situações em que houve inação do Ministério Público mineiro. Lembrou que após o jornal Mosaico ter denunciado, documentadamente, em 2007 a compra, pela prefeitura itabirana, de um único computador por R$ 223.792,10 o então prefeito João Izael Querino Coelho (PR) processou o jornal. Liminar publicada no Diário do Judiciário impediu o Mosaico de publicar charges ou até mesmo fotos do governo itabirano, sob pena de multa diária de R$ 5 mil, caso único no Brasil. LEIA AQUI

Informou ainda que em fevereiro de 2012 fez um depoimento desfavorável à ex-promotora eleitoral de Itabira, Nidiane Andrade, junto à Corregedoria-geral do MPMG - que recebeu posteriormente toda a documentação referente - por prevaricação durante as eleições de 2008. Após isso, foi processado por ela. No evento no CREA foi deixado claro que o depoimento contra a promotora está integramente mantido. LEIA O CASO AQUI. Sobre os dois casos, após o ato, este blogueiro manteve conversa com o Procurador-geral de Justiça, Carlos André Mariani, que concedeu uma entrevista, abaixo: 



O Procurador-geral de Justiça, Carlos André Mariani

Pergunta: Procurador, qual a importância para as instituições e cidadãos brasileiros  de se combater a PEC 37, na perspectiva da atuação do Ministério Público?

Resposta: Está relacionada com a eficiência, porque se concentrar apenas na polícia a capacidade de investigar todo e qualquer crime que ocorre no Brasil, em detrimento da atuação de outras instituições, entre elas o Ministério Público, vai haver certamente a diminuição dos fatos apurados e consequentemente a perda da eficiência acarretando maior impunidade. 

segunda-feira, 8 de abril de 2013

CIGANOS MINEIROS EM PAUTA. GOVERNADOR DIZ APOIAR RESGATES HISTÓRICOS


PLENÁRIO DA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA MINEIRA, QUE LEVA O NOME DO EX-PRESIDENTE JK, COMO MUITOS OUTROS UM BRASILEIRO DE RAIZ CIGANA


A memória autoritária brasileira está sendo submetida à apreciação de uma forma forte, ainda que muito autoritarismo, desrespeito e violência continuem se manifestando no cotidiano, sob vários aspectos. E vasculhar cada vez mais essa memória, fazendo emergir fatos, histórias e possibilidades de mudança e maior democratização da vida nacional interessa à todos nós. À maioria de todos nós, melhor dizendo. São resgates necessários dos quais não se pode fugir, para a construção da história de um novo tempo, de uma nova compreensão.

Uma proposta relativa a isso foi apresentada em janeiro à Assembléia Legislativa mineira, de resgate da história e cultura dos povos ciganos em Minas, o maior 'estado cigano' brasileiro. O post "Minas cigana - Prelúdio" trata disso, e é sequenciado por outro, sobre audiência pública ocorrida na Câmara de BH. Outra matéria, publicada no portal Vermelho, também trata da questão e pode ser lida AQUI.

Na posse do bem humorado professor e escritor Ângelo Machado na Academia Mineira de Letras, na noite da sexta-feira 9 de março, conversei com a secretária estadual da Educação de Minas, Ana Lúcia Gazolla, sobre o projeto e a necessidade de se incluir no ensino estadual as etnias ciganas como também constituintes das raízes mineiras, e brasileiras, é claro. Afinal, chegaram aqui no século XVI.

A secretária disse-me ter bom conhecimento do tema, que lidou com ele quando reitora da UFMG e que sabe que a população cigana e de descendentes no estado é alta. Na mesma noite também com o acadêmico mineiro e ex-secretário estadual da Educação e de Ciência e Tecnologia e Meio Ambiente, deputado federal constituinte, Otávio Elísio Alves de Brito, o tema foi tratado. Nos diálogos com os dois foram lembradas as raízes ciganas de JK, de Cecília Meireles, Castro Alves, Dercy Gonçalves e outros mais.    

Já na quarta-feira seguinte o jornalista Arnaldo Niskier, escritor e membro da Academia Brasileira de Letras, ex-secretário da Educação do Rio de Janeiro, lançou também na Academia seu livro "Manchete - Memórias de um sobrevivente", sobre seus 37 anos no grupo Manchete.

Seu discurso foi centrado na relação de amizade entre o ex-presidente JK e o proprietário do grupo, Adolph Bloch, entre o 'cigano' JK e Bloch. Depois de ter autografado um exemplar para mim, também conversamos sobre as origens ciganas de Juscelino Kubitschek, e de outros ícones brasileiros, da área cultural. Afirmando seu conhecimento sobre isso mostrou-se muito interessado no projeto, e solicitou ser informado do andamento. Conversa semelhante deu-se também com o presidente da Academia, Orlando de Oliveira Vaz.

Após o evento dirigi-me ao Sesiminas, onde ocorreu a comemoração dos 80 anos da FIEMG, e fiz rápida entrevista com o governador Antônio Anastasia, já no passeio, quando saía, sobre a necessidade de se promover resgates no país, como o da história e cultura ciganas é um. Antes, disse-lhe do lançamento do livro de Arnaldo Niskier, que lhe mostrei. Uma pergunta e a resposta:

Blog - Governador, o Brasil está numa era de resgates. O jornalista Arnaldo Niskier, lançou hoje livro resgatando seus 37 anos no grupo Manchete. O que o senhor poderia falar pras crianças mineiras, pro povo mineiro sobre a necessidade de se promover resgates?

Anastasia - A comemoração dos 80 anos da FIEMG, é exatamente isso. Quem não conhece o seu passado, não compreende o seu presente e não planeja o seu futuro.

PS - 8 de abril é o dia internacional dos povos ciganos. Abaixo, foto de uma tenda cigana, num acampamento em Belo Horizonte.





terça-feira, 2 de abril de 2013

UMA HISTÓRIA CHAMADA 'DONA TEREZA'




Na foto uma senhora fantástica, apesar de não ser da Globo. Dona Tereza Vieira dos Santos Silva, que completa hoje, 02 de abril de 2013, 100 anos, feliz assim como a vêm, e tão simples que até envergonha  a gente. Dona Tereza passeia pela cidade, não sem dar algum exemplo, é claro, e possivelmente ela nem sabe que está fazendo isso. Não é sua intenção, que é outra. Dona Tereza ama a vida, 'namora' a vida. E namorar é uma palavra muito bonita, coisa de gente feliz.

Dona Tereza mora na periferia de Belo Horizonte e pede  coisas simples aonde vai, leite, por exemplo. E ela é animada. Oops, animados todos somos, não é verdade? Todos, de alguma forma, temos 'ânima'. Porém, dona Tereza tem 49 filhos, como me contou; o primogênito, com 82 anos. Um prêmio para quem adivinhar a idade do caçula... Todos erraram: 3 meses. Ah, esqueci-me de dizer, são todos adotivos, mas todos 'filhos', como ela revelou,  completamente mãe, 'meus filhos'.

A foto acima foi feita num gabinete parlamentar, na Assembléia Legislativa. Devo confessar que sou muito imperfeito, inclusive para compreender integralmente um amor assim, nos meus limites. De qualquer forma, mesmo com meus limites, fica aqui minha homenagem. Direi ainda mais de dona Tereza e de vivências assim, em outro post, por que é necessário, como pessoas com o sentimento de mundo dela são necessárias.

PS - fevereiro de 2014 - Fui informado posteriormente que a data de nascimento de dona Tereza seria 02 de abril de 1910, no mesmo dia e ano do médium Chico Xavier. Assim, completará no próximo abril 104 anos. Na labuta.