sexta-feira, 6 de setembro de 2013

E AGORA, AÉCIO, MINAS OU O BRASIL?




Em post publicado no dia 5 de junho, intitulado "Aécio Neves, pré-candidato à presidência ou ao governo mineiro?", este blog vislumbrava como difícil, senão inexequível, uma candidatura de Aécio à presidência da República, e que deverá sair como candidato ao governo mineiro. (LEIA AQUI)

Outros argumentos se somam aos apresentados no post. São Paulo e Minas Gerais respondem juntos por cerca de 43% do PIB nacional, são os dois estados mais populosos e abrigam os dois maiores colégios eleitorais do país. Imagine-se o peso disso numa eleição. O PSDB governa 8 estados brasileiros: São Paulo, Minas, Paraná, Goiás, Pará, Alagoas, Tocantins e Roraima, que respondem por 55% da riqueza produzida.

O PT ganhou nas últimas eleições a prefeitura paulistana, o que lhe dá uma grande força na disputa estadual, e vai investir pesadamente nessa disputa. Em Minas, pesquisas demonstram enorme vantagem para o partido frente aos nomes ligados ao PSDB e colocados como adversários em pesquisas: o vice-governador Alberto Pinto Coelho (PP), a secretária estadual Renata Vilhena, o presidente da Assembléia Legislativa, Diniz Pinheiro, a irmã de Aécio Neves, Andréa Neves.

Recentemente ensaiou-se o nome do ex-prefeito Pimenta da Veiga, que está fora do estado há 15 anos e também não possui base popular, sendo praticamente um desconhecido para o eleitorado atual. O prefeito belorizontino, Márcio Lacerda (PSB), que poderia ser um nome, já deu declarações no sentido de que não será candidato, e além de não ter maior expressão política estadual sofre intensa campanha de desgaste por parte dos movimentos sociais na capital.

Durante os mais de 7 anos de governo Aécio, praticamente o único nome em que o PSDB investiu e cultuou no estado foi o do próprio ex-governador e atual senador, já com vistas inclusive à sucessão nacional do próximo ano. A única exceção foi o atual governador, Antônio Anastasia, que está fora da disputa para o governo em 2014. Parece que a alternativa que resta ao partido para a disputa estadual é mesmo uma candidatura Aécio Neves. A não ser que o partido queira entregar com facilidade o governo estadual ao seu maior adversário, como apontam os números. Coisa que o PT festejaria exultante.

E é improvável, em altíssimo grau, que o partido possa produzir e fazer crescer um nome novo que concorra efetivamente com os petistas, mesmo se valendo da mídia que sempre lhe foi simpática. Veja-se o caso da Globo, 'pedindo penico' ao governo federal e à população brasileira, ao publicar que seu apoio ao golpe de 64 e à ditadura foi 'um erro'. Não é possível mais criar um 'caçador de marajás'. O povo não é bobo.

Se o PSDB perder Minas Gerais e São Paulo, com a presidenta Dilma sendo reeleita, fecha as portas, como parece estar ocorrendo ao DEM. Mesmo que perca apenas Minas, o golpe de misericórdia não tardará. O peso político mineiro no país não é pouco, e sabem disso. Para piorar para Aécio, tem a disputa interna no ninho tucano com José Serra, que quer prévias no partido e poderá ainda migrar para outro, o PPS, por exemplo, e disputar as eleições. 




Para piorar mais ainda, os números da economia não caminham para o desastre desejado e até alardeado por uns e outros no país. Após os movimentos sociais que eclodiram em junho, e apesar do julgamento do chamado mensalão petista, com todo o alarde midiático, pesquisas indicam que Dilma venceria em todos os cenários postos, incluindo os nomes de Marina Silva, Aécio, Serra, Eduardo Campos e o do presidente do STF, Joaquim Barbosa. E o PSDB vai ter de se ver pelo menos com o caso Siemens, em ano eleitoral, e as graves acusações que comporta.

Se Aécio consegue a candidatura para presidente e perde, com o PT ganhando em Minas, como tudo indica, caminhará rapidamente para um triste fim político, como ocorre ao seu correligionário Eduardo Azeredo. Terminará os 4 anos que ainda tem no Senado e depois será eleito deputado federal, apenas isso, se dirigindo para uma vida política inexpressiva.

Aécio não pode mais se beneficiar diretamente da publicidade oficial do governo do estado, já que não é governador, e quando foi isso se deu com generosidade. Tem agora o espaço na mídia de que dispõe como presidente nacional do PSDB. E acredito que usa disso já na perspectiva da disputa do governo mineiro, que já pensa que tem que diminuir a pretensão do voo, apesar de seu ímpeto, e cair para a disputa estadual. E que seu partido também já avalia isso como o mais certo. Depois de tudo, seu discurso oposicionista a Dilma mostra-se muito fraco. Parece que o PSDB vai ter de entregar anéis para tentar não perder os dedos.

Um fator novo em tudo isso poderia se dar com uma candidatura de Joaquim Barbosa ao governo mineiro, a ser anunciada apenas a partir de março ou abril de 2014, mantendo Aécio na campanha nacional, em rota de colisão com Serra e tendo que encarar o caso Siemens. E mais o peso de Marina Silva. E Joaquim Barbosa seria cobrado sobre o não julgamento do chamado mensalão mineiro. O desastre poderá se anunciar muito maior.


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