HNSD: ex-administrador cai em contradição

O Hospital Nossa Senhora das Dores (HNSD) foi administrado pelo empresário Walmir Lage, de Ipatinga, de 2003 até agosto de 2009. E sua empresa foi muito bem recompensada. No período, recebeu da instituição R$ 1,8 milhão, valor pago pelo ex-provedor Silvério Bragança, aquele que foi o santo auditor da prefeitura durante o governo Ronaldo Magalhães e nunca viu as maracutaias do Córrego Periquito (mais de R$ 19 milhões) e da avenida Machado de Assis (R$ 7,6 milhões), cujas obras foram licitadas, pagas e não realizadas.

Tem mais: segundo auditoria feita pelo atual administrador, Reginaldo Calixto, Walmir Lage deixou o HNSD com uma dívida de mais de R$ 10 milhões. Só que, nesse período de 6 anos, alguns tiveram muito boa vida. A empresa de Walmir Lage, por exemplo, que fazia consultoria mensal.

Enquanto atrasava pagamento de funcionários, médicos e de vários fornecedores da cidade (são mais de 400 títulos protestados, segundo o cartório de Títulos), a empresa do Walmir sempre recebia em dia.O ex-provedor Silvério Bragança disse que contratou a empresa de Walmir Lage por ele ser uma pessoa amiga, de confiança. Então tá, uai!

Segundo informações obtidas pelo blog, Silvério Bragança tinha o desejo de que a empresa de Walmir Lage continuasse prestando serviços ao hospital. Soubemos mais: que após a rescisão de contrato com o antigo administrador colaboradores e prestadores de serviço ao HNSD ficaram muito felizes, e que o profissional era muito arrogante.

Quando entregou o cargo em agosto passado, Walmir Lage admitiu que deixava o HNSD com uma dívida de R$ 4,5 milhões. Após o atual administrador Reginaldo Calixto ter apresentado na Câmara uma dívida de mais de R$ 10 milhões, Walmir Lage e Silvério Bragança também compareceram ao legislativo e, além de atacarem Calixto, apresentaram novos números: a dívida não era mais R$ 4,5 milhões, mas sim R$ 6,3 milhões. Enorme diferença em seus próprios números.

Apresentaram inclusive um abatimento de dívida com a empresa White Martins, fornecedora de oxigênio hospitalar, que teria caído de cerca de R$ 205 mil para R$ 179 mil. Mas, acreditem!!!, no relatório de 'Contas a pagar' apresentado por Walmir Lage, um total de pouco mais de R$ 2 milhões, não aparece dívida com a White Martins. Walmir Lage manipulou números no relatório ou na apresentação das contas aos vereadores. Com o consentimento do ex-provedor Silvério Bragança. Nós tivemos acesso ao relatório, através de uma fonte da Câmara. Não sabemos informar se o Ministério Público tem acompanhado o caso. Deveria.

Indagado pelo blog se o legislativo não faria uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) sobre a dívida hospitalar, o presidente do legislativo Neidson Dias, que é membro da Irmandade mantenedora do hospital, limitou-se a dizer vagamente: 'pode-se pensar nisso'. Pelo que vimos no relatório, as contas têm que ser mais explicadas. Muito mais. Até porque, além de verba pública municipal, o HNSD recebe verba federal. Pode até ser o caso de uma nova 'visita' da Polícia (Republicana) Federal à cidade.

Walmir Lage tornou-se, em 2009, professor da Funcesi. E a Funcesi deverá ser a administradora do Hospital Carlos Chagas. Muita coincidência. Na cidade já se comenta que será ele quem dará as cartas no Carlos Chagas. É aguardar para ver.