terça-feira, 30 de julho de 2013

DOMINGUINHOS, QUE A MORTE NÃO LEVOU



Em julho de 2010, após um show na terra de Drummond, já muito mudada daquela Itabira do Matto Dentro, o magistral Dominguinhos respondeu a uma pergunta proposta pelo blog. O cartão de memória que continha a entrevista, juntamente com outras gravações, foi perdido e recentemente o encontrei ao arrumar minhas bagunças caseiras. Pernambucano nascido em Garanhuns, conterrâneo do ex-presidente Lula, portanto, o músico faleceu, 'se encantou', como dizia Guimarães Rosa, no último dia 23, aos 72 anos. E encantados permanecemos, com seu acordeon.

Blog - Dominguinhos, o Stanislaw Ponte Preta compôs em 1968 o "Samba do crioulo doido", (OUÇA AQUI) criticando a obrigação imposta às escolas de samba cariocas para produzirem os sambas enredo apenas sobre fatos históricos. Quer dizer, o samba saiu de seu espaço natural, de seus temas, e os sambistas que faziam o carnaval e não tinham uma educação formal nos bancos de escola, um conhecimento maior da história brasileira, tiveram que se adaptar para a avenida. Aí foram produzidas letras que eram verdadeiros disparates. E no "Samba do crioulo doido" o Stanislaw ironizou essa determinação oficial, seus resultados. A música brasileira hoje, como você a vê, o que se pode esperar dela?

Dominguinhos - E acho que devido aos valores que nós temos, assim, valores jovens mas até com mais de 15 anos de carreira, 20 anos, podemos esperar um futuro bom. Quando a Bossa Nova apareceu havia grupinhos que se localizavam em Ipanema e tal, mas hoje em dia esses grupos estão espalhados pelo Brasil todo, que é imenso, e os valores estão se multiplicando. Tá muito bom, eu espero um bom futuro.



Após o show, com o amigo nosso, o músico itabirano e também genial Niltinho Baiandeira, outro já "encantado"

Abaixo, um pouco mais de Dominguinhos:

Interpretando 'Brasileirinho": http://www.youtube.com/watch?v=WUXtYrLK108

No blog do Diário de Pernambuco: "Morte de Dominguinhos deixa o Nordeste órfão de um artista símbolo"

No dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira: Dominguinhos

E nas páginas da Wikipédia:

"José Domingos de Morais nasceu no interior de Pernambuco, na cidade de Garanhuns, em 12 de fevereiro de 1941. Oriundo de família humilde, seu pai, mestre Chicão, era um conhecido sanfoneiro e afinador de sanfonas. Dominguinhos interessou-se por música desde cedo, começando a aprender sanfona com seis anos de idade, quando ganhou um pequeno acordeão de oito baixos e chegou a se apresentar em feiras livres e portas de hotéis em troca de algum dinheiro junto com seus dois irmãos, com quem formava o trio Os Três Pingüins. Praticava o instrumento por horas a fio, e logo tornou-se proficiente nas sanfonas de 48, 80 e 120 baixos, e acabou por tornar-se músico profissional ainda garoto.
Em 1950, aos nove anos de idade, conheceu Luiz Gonzaga quando tocava na porta do hotel em que este estava hospedado. Luiz Gonzaga se impressionou com a desenvoltura do menino e o convidou a ir ao Rio de Janeiro. Dominguinhos o fez em 1954, então com treze anos de idade, acompanhado do pai e dos dois irmãos, indo morar em Nilópolis. Ao encontrar-se com Luiz Gonzaga no Rio, este deu-lhe de presente uma sanfona e o integrou à sua equipe de músicos, e Dominguinhos passou a fazer shows pelo Brasil e participar de gravações. Em uma dessas viagens, em 1967, conhece a cantora de forró Anastácia (nome artístico de Lucinete Ferreira), com quem se casa e forma uma parceria artística que duraria onze anos. Dominguinhos já tinha um filho, Mauro, nascido em 1960 de seu primeiro casamento. Em 1976, Dominguinhos conhece a também cantora Guadalupe Mendonça, seu terceiro casamento, do qual nasceria uma filha, Liv.
Separaram-se, mas mesmo após a separação, os dois mantiveram a amizade até a morte do cantor.1
A sua integração à equipe de músicos de Luis Gonzaga fez com que ganhasse reputação como músico e arranjador e ele aproximou-se de músicos do movimento bossa nova. Fez trabalhos junto a inúmeros músicos de renome, como Gilberto GilMaria BethâniaElba Ramalho e Toquinho, e eventualmente acabou por consolidar uma carreira musical própria, englobando gêneros musicais diversos como bossa novajazz e pop.

No fim de 2012, Dominguinhos teve problemas relacionados à arritmia cardíaca e infecção respiratória e foi internado no Recife, sendo posteriormente transferido para o Hospital Sírio-Libanês em São Paulo, onde veio a falecer.



DISCOGRAFIA
  • 1964 – Fim de Festa
  • 1965 – Cheinho de Molho
  • 1966 – 13 de Dezembro
  • 1973 – Lamento de Caboclo
  • 1973 – Tudo Azul
  • 1973 – Festa no Sertão
  • 1974 – Dominguinhos e Seu Acordeon
  • 1975 – Forró de Dominguinhos
  • 1976 – Domingo, Menino Dominguinhos
  • 1977 – Oi, Lá Vou Eu
  • 1978 – Oxente Dominguinhos
  • 1979 – Após Tá Certo
  • 1980 – Quem me Levará Sou Eu
  • 1981 – Querubim
  • 1982 – A Maravilhosa Música Brasileira
  • 1982 – Simplicidade
  • 1982 – Dominguinhos e Sua Sanfona
  • 1983 – Festejo e Alegria
  • 1985 – Isso Aqui Tá Bom Demais
  • 1986 – Gostoso Demais
  • 1987 – Seu Domingos
  • 1988 – É Isso Aí! Simples Como a Vida
  • 1989 – Veredas Nordestinas
  • 1990 – Aqui Tá Ficando Bom
  • 1991 – Dominguinhos É Brasil
  • 1992 – Garanhuns
  • 1993 – O Trinado do Trovão
  • 1994 – Choro Chorado
  • 1994 – Nas Quebradas do Sertão
  • 1995 – Dominguinhos É Tradição
  • 1996 – Pé de Poeira
  • 1997 – Dominguinhos & Convidados Cantam Luiz Gonzaga
  • 1998 – Nas Costas do Brasil
  • 1999 – Você Vai Ver o Que É Bom
  • 2001 – Dominguinhos Ao Vivo
  • 2001 – Lembrando de Você
  • 2002 – Chegando de Mansinho
  • 2004 – Cada um Belisca um Pouco(com Sivuca e Oswaldinho do AcordeonBiscoito Fino)
  • 2005 – Elba Ramalho & Dominguinhos
  • 2006 – Conterrâneos
  • 2007 – Canteiro (participação especial no CD de Margareth Darezzo)
  • 2008 – Yamandu + Dominguinhos




domingo, 21 de julho de 2013

O PL 21/2011, TIRADENTES E O EX-PRESIDENTE ITAMAR FRANCO



Imagem de 'Aos mestres da educação'
O Projeto de Lei 21/2011, de autoria do deputado federal Delegado Protógenes Queiroz (PCdoB-SP), que praticamente transforma o crime de corrupção na esfera pública em hediondo, determina também que o judiciário aprecie prioritariamente processos relativos a esses crimes. Está aberta uma campanha nacional para que seja aprovado pelo Congresso Nacional. Suas proposições traduzem sentimentos nacionais inequívocos.

Inclusive, carrega em si um apelo forte, já que seu número - PL 21 - evoca o herói nacional Tiradentes. E é sempre bom lembrar que a liberdade preconizada pelo alferes Joaquim José da Silva Xavier era mais que apenas a independência do jugo colonialista, mas a criação de uma pátria onde o respeito recíproco e a honestidade fossem imperantes, entre mais.

Acredito firmemente que aprovado o projeto, tendo o judiciário instrumental e convicção para executá-lo, com a necessária participação das polícias e Ministério Público, poderemos vivenciar drástica redução nos níveis de corrupção no país, levando à punição efetiva dos envolvidos e determinando-se a devolução aos cofres públicos de valores desviados, promovendo-se a alteração de uma cultura existente e nova perspectiva de educação no país.

Durante o governo do presidente Itamar Franco vimos isso ocorrer em relação à inflação, reduzida a níveis baixíssimos em pouco tempo. É claro que a população e os segmentos e instituições efetivamente democráticos da nação terão de estar em vigília, exigindo sua aplicação. Afinal, o preço da liberdade é a eterna vigilância. E uma nova cultura, de novos tempos, poderá surgir, moldando o sentimento e a prática nacionais noutros paradigmas. Junto com isso, o controle público do orçamento. Por quê não?

Leia sobre o PL 21 AQUI 
 e sobre controle público do orçamento AQUI 

E AQUI o PDF do PL 21

PS - O PL 21 aumenta com rigor as penas para os crimes de peculato, corrupção ativa e passiva em situações que causem expressivos danos ao erário, alterando os artigos 312, 317 e 333 do Código Penal, conferindo assim, praticamente, o peso de crime hediondo, ainda que seu texto não o explicite dessa forma.

domingo, 14 de julho de 2013

MAIS BRIGA: PROJETO DE LEI PROÍBE CASAIS GAYS EM PUBLICIDADE INFANTO-JUVENIL


Imagem retirada da rede social. Se alguém conhecer a origem favor informar para darmos o crédito.
 Mais uma polêmica está armada no Congresso nacional, e na sociedade, é claro, no que diz respeito à questão da sexualidade. Depois da retirada, pelo menos temporária – como já prometeu o pastor Marcos Feliciano, presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara federal – do Projeto de Decreto Legislativo 234/2011 (que se tornou conhecido como ‘cura gay’), entra em cena agora o substitutivo nº1 ao Projeto de Lei 5921/2001 (PL 5921/01).

Este Projeto de Lei, que tramita na Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática da Câmara Federal desde 2001, dispõe sobre publicidade na mídia voltada para o público infanto-juvenil, restringindo-a e determinando suas possibilidades, como ela poderá se dar. Não se compreende por que não foi apreciado pelo Congresso já há bastante tempo.

Em 2011, o relator do projeto, deputado Salvador Zimbaldi (PDT-SP), apresentou um substitutivo que determina que as propagandas levem em conta o artigo 226 da Constituição Federal. Este artigo, em seu parágrafo 3º, reza que “Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento”. E aí o quiprocó está formado.


Em maio de 2011, o STF reconheceu a validade jurídica da união homoafetiva, o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo passou a ser permitido e essas uniões passaram a constituir um novo tipo de família, estabelecendo os mesmos direitos e deveres da forma familiar tradicional, representada pela união de um homem e uma mulher, podendo inclusive adotar filhos.

A mesma polêmica nacional que se deu em relação ao projeto da chamada ‘cura gay’ vai se repetir, já que pelo substitutivo do deputado Salvador Zimbaldi propagandas dirigidas a crianças e adolescentes na mídia só poderiam apresentar casais heterossexuais, em referência ao artigo 226 da Constituição (acima), que reconhece apenas casais heterossexuais como constituintes da família, ao contrário da decisão do STF. E as reações já estão postas.

Mas há uma declaração do mesmo deputado, rebatendo reação do deputado Jean Willys (PSOL-RJ), da Frente Parlamentar LGBT, ao projeto, que chama muito a atenção, que talvez seja mais importante ser analisada e rechaçada que sua própria proposição no projeto, até por ser inteiramente fora da realidade e ser um convite para diversos retrocessos em diversas áreas. Zimbaldi afirmou que “Se não fosse o meu posicionamento e a família que eu defendo, o Jean Willys nem teria nascido.”

O deputado considera assim que apenas casais heterossexuais sejam capazes de gerar filhos, biologicamente. ‘Esqueceu-se’ de que o autoritarismo e a discriminação sempre reprimiram diversas formas de manifestação, não só da sexualidade. Vejam-se sobre isso as diferentes formas de violência e discriminação (que é uma forma de violência) já praticadas - e muitas ainda praticadas - em relação às mulheres, às diferentes etnias, à arte e à cultura, a formas religiosas e a vários outros segmentos. Em todo o mundo. 

Assim ‘esqueceu-se’ o deputado Zimbaldi que ao longo da história inumeráveis casais ‘heterossexuais’ se constituíram e tiveram filhos, tendo um dos membros do casal orientação homossexual ou bissexual. E inumeráveis dessas uniões foram motivadas pela repressão e pelo medo das reações familiares e sociais, por pessoas que deixaram de praticar sua orientação sexual. A declaração do deputado é absurda e de fundamento desrespeitoso e autoritário.

Em lugar de declarações como a que deu, deveria ser constante e sempre contundente pronunciando-se e agindo para rechaçar a violência sexual contra crianças. E tendo clara consciência das vastas ocorrências de atos assim praticados por pessoas heterossexuais. Mais ainda, com clara consciência de que uma criança violentada poderá vivenciar conseqüências futuras disso em sua sexualidade ou em outras expressões de sua vida. Se tivesse buscado maior compreensão, sem declarações fundamentadas no dogmatismo, não faria declarações como a que fez.


PDF do projeto e do substitutivo, AQUI.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

NO DIA NACIONAL DE LUTA MARCHA EM BH TERMINA EM PROTESTO DIANTE DA SEDE DA REDE GLOBO. POPULAÇÃO APOIOU MOVIMENTO.



Centrais sindicais e movimentos sociais e estudantis promoveram ontem o Dia Nacional de Luta. Em Belo Horizonte houve concentração no centro, na Praça 7. De lá, em passeata, os manifestantes passaram pela prefeitura, Banco Central, Assembléia Legislativa e Cemig. No elevado Castello Branco, os manifestantes exigiram a mudança do nome do local para Helena Grego, em homenagem à ex-vereadora e notória militante das causas sociais e direitos humanos.

De lá seguiram em direção à rede Globo, no bairro Caiçara, onde houve grande protesto contra a emissora e pela democratização dos sistemas de comunicação no país, com a presença de cerca de 7 mil pessoas. As manifestações ocorreram de forma pacífica, e contaram com o apoio da população em seu percurso.

Diante da Globo renderam-se homenagens a dois combativos militantes da causa da democratização das comunicações, falecidos recentemente, Valdsnei Honório e William Rosa.

Em discurso, a presidente da CUT, Beatriz Cerqueira, rendeu homenagem especial à juventude e à Assembléia Popular Horizontal: " O sucesso deste dia histórico se deve ao fato de não ter gente apenas das centrais. E isso se deve à presença de movimentos sociais e da juventude, especialmente a Assembleia Popular Horizontal, o Comitê Popular dos Atingidos pela Copa, o Levante Nacional da Juventude e muitos outros. A união na luta é importante e que sozinho não se conquista nada. O dia de hoje é o que é graças a todos nós. A Assembleia Popular Horizontal nos ensinou nova forma de organização, nas manifestações de rua de junho e na ocupação da Câmara Municipal, e nos trouxe mais criatividade aos movimentos."


No elevado Castello Branco, onde se exigiu a mudança do nome do viaduto para Helena Greco



















terça-feira, 9 de julho de 2013

VITÓRIA POPULAR: VOTO SECRETO É EXTINTO NO PARLAMENTO MINEIRO




Capa recente da revista Carta Capital
A Assembléia Legislativa de Minas (ALMG) aprovou, hoje pela manhã, em segundo turno, o fim do voto secreto para as deliberações da Casa, em reunião extraordinária. Do total de 77 deputados 59 estavam presentes, e aprovaram por unanimidade, em votação aberta. A decisão vem como resposta à pressão popular nas ruas. Outras devem se seguir, no mesmo sentido. Afinal, transparência no que diz respeito aos interesses públicos é exigência da qual a população não abre mão, e isso está claramente demonstrado.

Foi votado o Substitutivo nº 1, documento produzido pela Comissão Especial que analisou a PEC 03/2011, na qual foi formulada a questão, ampliando seu alcance. Fica extinto o voto secreto no legislativo mineiro, registrando-se o voto de cada parlamentar no painel eletrônico. Mas tem ainda que passar pela Comissão de Redação para a redação final e posterior aprovação desta pelo plenário. Após isso, a mesa diretora tem 5 dias úteis para promulgá-la. Coisa que pode ser feita rapidamente, e levada à sessão ordinária, não implicando em mais custos.

Com a aprovação hoje, a Constituição estadual tem alterados seus artigos 55, 58, 62 e 70, que determinam o voto secreto para perda de mandato parlamentar, exoneração ou destituição do procurador-geral de Justiça, quebra de decoro parlamentar e veto do governador.

O Substitutivo aprovado, determina ainda que projetos de leis delegadas, Projetos de Lei (PL), Projetos de Lei Complementar (PLC) e Projetos de Resolução (PRE) tenham também também votação nominal (aberta), incluindo para isso parágrafo único no artigo 55, que inclusive apenas determinava que as deliberações devem se dar por maioria de votos:

 Art. 55 - Salvo disposição constitucional em contrário, as deliberações da 
Assembléia Legislativa e de suas comissões serão tomadas por maioria de votos, 
presente a maioria de seus membros

Essa inclusão altera a forma de votação de todas as matérias pertinentes ao artigo 63 da Constituição estadual, que inclui também emendas à Constituição e leis ordinárias, além das formas citadas acima.

Reza ainda o artigo 63, em sua forma original:

Parágrafo único - Lei complementar disporá sobre a elaboração, redação, a 
alteração e a consolidação das leis. 
• (Parágrafo acrescentado pelo art. 1º da Emenda à Constituição nº 60, de 
19/12/2003.) 
• (Parágrafo regulamentado pela Lei Complementar nº 78, de 9/7/2004.) 

• (Vide Lei Complementar nº 82, de 30/12/2004.) 

Em outra matéria postaremos parecer jurídico sobre o parágrafo único, acerca das leis complementares acima.

Chega ao fim também votação secreta para aprovação de membros de Conselhos de Governo indicados pelo governador, conselheiros do Tribunal de Contas, do Conselho Estadual de Educação e do Conselho de Defesa Social, de interventor em município, dos presidentes das entidades da administração pública indireta, dos presidentes e diretores do sistema financeiro estadual. Na verdade, foi extinto o voto secreto no parlamento para tudo. Aliás, votação secreta não se justifica de forma alguma, é resquício do autoritarismo histórico brasileiro.

O texto original da PEC 03/2011, ainda reduzido, foi assinado por 26 deputados. Na votação hoje, 18 dos 77 deputados estiveram ausentes. Este blogueiro não acompanhou a votação. Apesar de contatos feitos junto a setores da Assembléia Legislativa, à tarde, não foi possível obter os nomes dos 59 deputados presentes à votação. Ou dos 18 ausentes. Mas os nomes deverão ser publicados no Diário Oficial, em até dois dias.

Minas Gerais é o primeiro estado a acabar com votações secretas no parlamento, reivindicação antiga dos brasileiros, o que vai gerar repercussões positivas no Brasil. Se por um lado o caso deixa claro que a maioria dos deputados mineiros pode estar compreendendo o grito atual das ruas, por outro fica também claro que as ruas explicitaram que o silêncio não mais existirá, quando necessário. Agora é aprovar a redação final e promulgar, e ver se há necessidade de alterar as leis complementares pertinentes. É fazer a coisa certa. 




domingo, 7 de julho de 2013

O BRASIL NAS RUAS HOJE E O III ENCONTRO NACIONAL DE ESTUDANTES, EM 1977

Estudantes sendo retirados da Escola de Medicina da UFMG por forte aparato militar, em junho de  1977
Na década de 70 a juventude, através do movimento estudantil, foi para as ruas combater a ditadura militar, ocupando ruas em atos públicos e foi fortemente reprimida pelos aparelhos de repressão do estado. Nos dias 4 e 5 de junho de 1977 seria realizado o III Encontro Nacional de Estudantes (III ENE), em Belo Horizonte. A mão pesada da ditadura reprimiu severamente, invadindo o DA da Escola de Medicina da UFMG onde se realizaria o evento, prendendo quase 400 estudantes, e nas ruas, violentamente, prendendo também centenas. O foco da luta era claro: a ditadura de um lado e a bandeira "Pelas liberdades democráticas", de outro. 


Hoje, por outros motivos a juventude novamente ocupa as ruas, e tem a adesão da população, de uma forma nunca vista na história, colhendo o sentimento dessa população, manifestando sua indignação e exigindo mudanças com um sem número de bandeiras. A internet e as redes sociais foram fatores determinantes para o que se vê nas ruas, que pegou de surpresa os organismos de inteligência e segurança do estado. 

Matéria publicada pelo jornal Mosaico em junho de 2007 sobre o III ENE está aqui em anexo, relatando também encontro que se realizou no DA da Medicina da UFMG, que lembrou o evento 30 anos após a tentativa de sua realização. Em junho último, coincidentemente, a memória de 36 anos do III ENE - ainda que seja desconhecida das novas gerações - e seu espírito, até por certo atavismo, 'incentivaram' o movimento que agora ocupa as ruas brasileiras. E que já está sendo vitorioso. Acesse AQUI o PDF da matéria.

Boa pauta agora é lutar pela aprovação do PL 21/2011, que transforma o crime de corrupção na esfera pública em hediondo, com pena mínima de 12 anos, podendo chegar a 30,  e determina que o judiciário julgue prioritariamente processos que envolvam crimes de corrupção (LEIA AQUI), promover o controle público do orçamento (LEIA AQUI), e promover a reforma política, com todas as outras que ela puxa.

Matéria da edição de junho de 2007 do jornal Mosaico, sobre o III ENE e encontro 30 anos após a repressão da ditadura, que impediu sua realização

sexta-feira, 5 de julho de 2013

VENEZUELA: 200 ANOS DO PRIMEIRO PAÍS CONSTITUÍDO NA AMÉRICA LATINA



Bandeira da Venezuela: eram 7 estrelas originalmente. O governo Hugo Chávez acrescentou outra, em 2006, para homenagear Simon Bolivar

A Venezuela comemora hoje 200 anos como país. A região foi a primeira colônia na América Latina a obter a independência, em 1813, consagrando 'el libertador' Simon Bolívar como seu primeiro presidente. Leia AQUI

Em junho de 2007, o jornal Mosaico publicou matéria sobre a não renovação - pelo governo Hugo Chávez - da concessão do canal aberto de TV para a RCTV (Radio Caracas Television), o que causou forte indignação de grandes setores da mídia mundial. Reproduzimos aqui trechos da matéria:

"A não renovação pelo governo venezuelano da concessão do canal aberto de televisão para a rede RCTV, a maior do país, está provocando forte reação da grande mídia internacional, principalmente dos Estados Unidos e América Latina, associados a grupos europeus. Primeiramente, é necessário que se entenda o processo jurídico para uso de espectros radiooelétricos na Venezuela.

Como no Brasil, e em inumeráveis países, lá as concessões são da competência do estado, cabe a ele sua distribuição, e quando são dadas têm determinado seu período de validade, após o qual terão de ser renovadas, podendo também não ser. (...)

De qualquer forma, fatos graves ocorreram na Venezuela envolvendo os grandes grupos de comunicação. Como escreveu o jornalista Mino Carta em seu blog (blogdomino.blig.ig.com.br - *endereço na época): "Dentro da RCTV foi tramado o golpe de Estado que em 2002 manteve afastado Chávez do poder por dois dias, e por pouco não o assassinou. Ali mesmo, nos estúdios da emissora, os representantes da oligarquia reuniram-se para urdir o plano de típico sabor latino-americano, a contar com o apuro da mídia em geral e quatro estrelas de quepes imensos".

Não só isso. Após o golpe fracassado, a RCTV não transmitiu as manifestações da ampla maioria da população que dominaram o país exigindo a volta de Chávez. Em 1984, durante a campanha das Diretas-já, também a Globo não transmitiu o comício que se realizava em São Paulo, com mais de um milhão de pessoas exigindo a redemocratização. (...)

O blog de Luiz Nassif (http://luisnassif.blig.ig.com.br - *endereço na época) dá outras informações, tiradas do 'Le Monde Diplomatique': "A RCTV chegou a ser fechada por 24 horas a até 3 dias não pelo governo Chávez, mas em 1976, 1980, 1981, 1989 e 1991, pelos predecessores sociais-democratas ou democratas-cristãos. Desde a sua primeira eleição em 1998, Chávez não fechou nenhuma estação de rádio ou de televisão, nem perseguiu jornalistas. (...) É, sem dúvida, o único país do mundo onde, no passado, os pedidos públicos de assassinato do presidente não resultaram em processo judicial". (...)

E a jornalista Elaine Tavares, participante do Observatório Latino-Americano: "Quem já esteve na Venezuela sabe muito bem: liberdade de opinião é tudo que há. Nas rádios e emissoras de televisão comerciais, o presidente Hugo Chávez é xingado, humilhado, destratado e desmoralizado. As palavras usadas pelos jornalistas são de uma violência sem par. E ainda assim, ali estão, eles e elas, a disseminar suas diatribes, sem que ninguém lhes impeça. Não há censura de nenhuma espécie. (...) É um negócio inimaginável em qualquer outro país do mundo. Se isso acontecesse nos Estados Unidos, por exemplo, duvido que os jornalistas não fossem presos ou banidos para sempre. Pois na Venezuela eles estão ali livres para falar". (...)

Em artigo publicado pela Folha de São Paulo, que indagou se "é correta a decisão do governo venezuelano de não renovar a concessão da RCTV", o embaixador venezuelano no Brasil escreveu: ..."Pensem por si mesmos, evitando que o meio os leve pela mão como meninos; quão diferente seria se a pergunta fosse: é correta a decisão de democratizar a comunicação que tomou o governo venezuelano?"...

E em box, na matéria, sobre casos semelhantes no mundo: "Pesquisa do jornalista chileno Ernesto Carmona, presidente do Colégio de Periodistas do Chile, a associação dos jornalistas chilenos, apresentou números interessantes em relação à Inglaterra, Estados Unidos, França, Irlanda, Espanha Peru e México, para citar apenas alguns países:

nos EUA foram 102 não renovações em 141 extinções de rádios e TVs; na Inglaterra, Margareth Tatcher cancelou a concessão de uma das maiores emissoras de TV do país sob a alegação de que "se tiveram a estação de TV por 30 anos, por que deveriam ter um  monopólio?" Lá, outros canais também tiveram a concessão cassada ou passaram por fechamento temporário. No Canadá, uma foi revogada em 1999; na Espanha, 3, incluindo o fechamento da TV católica. Na França, houve 3 cassações; na Irlanda, uma, e no Peru, duas. São todos países onde não há democracia, não é mesmo?"

Sobre o nome do país, na Wikipédia: "Alonso de Ojeda, Américo Vespúcio e Juan de la Cosa foram os primeiros a explorar a costa da Venezuela em 1499. No dia 24 de Agosto desse ano chegaram ao que é hoje o lago de Maracaibo, onde encontraram nativos cujas casas estavam construídas sobre estacas de madeira fixas no lago (palafitas). Vespúcio, que era italiano, achou aquelas construções semelhantes às da cidade de Veneza e por isso chamou a região de Venezuela, ou seja, "Pequena Veneza".
Por outro lado, Martín Fernández de Enciso, um geógrafo que acompanhava a expedição, afirma na sua obra Summa de Geografia (1519) que junto ao lago existia uma grande rocha plana, em cima da qual havia um povoado indígena conhecido como Veneciuela. Assim, o nome Venezuela pode ser nativo, e não estrangeiro. No entanto, a primeira versão permanece como a mais divulgada e aceita".